Desde 2012, o preço dos fertilizantes aumentou 20%, e em três anos já subiu 30%


A possibilidade de redução dos estímulos à economia pelo Federal Reserve (Fed, banco central dos EUA) continuou dando o tom da movimentação das cotações das commodities agrícolas no começo desta semana. Nesta segunda-feira, as cotações de trigo e de milho lideraram as perdas na Bolsa de Chicago com quedas de 19,5% e 7%, respectivamente. Na semana passada, as cotações dos produtos sofreram sua maior queda em 18 meses, e o Índice de Preços Agrícolas, referente aos preços no atacado no mercado interno, caíram 0,9%.
Além da mudança de direção da autoridade monetária norte-americana, as cotações também foram influenciadas pela rejeição do Senado do país à Farm Bill, a lei de política agrícola que liberaria US$ 940 bilhões à agricultura nos próximos dez anos.
Por parte da China, a indicação de que o banco central do país também reduza a liquidez, promovendo uma crise de crédito, também afetou a precificação das commodities em Chicago.
O diretor da consultoria Job Economia, Julio Borges, explica que a restrição monetária nos Estados Unidos está atraindo investidores estrangeiros ao país, na medida em que a decisão indica que a economia norte-americana está se recuperando e há possibilidade de uma alta na taxa de juros, o que daria mais rentabilidade aos investidores.
Apesar de acreditar que esse movimento tem prazo para acabar, o analista ressalta que a tendência das cotações é ficar em um patamar menor neste ano por causa das safras recordes no Brasil e nos Estados Unidos, principalmente no caso do milho.
O diretor da Associação Brasileira dos Produtores de Milho (Abramilho), Sergio Bortolozzo, indica que os preços só deixarão de sofrer com o impacto das políticas monetárias internacionais em agosto, período em que deve ocorrer a definição do tamanho dos grãos e, consequentemente, da capacidade de produção do cereal norte-americano.
Já o diretor executivo da Aprosoja Brasil, Fabrício Rosa, acredita que, “em 15 dias, [as cotações] devem se recuperar em patamares anteriores na próxima safra com cotação parecida com a da safra anterior”.
Porém, nas projeções da GO Associados divulgadas ontem em boletim, a cotação média da soja neste ano deve ficar 2% abaixo do preço médio do ano passado, o preço médio do milho deve cair 4%; o do açúcar, 18%; e o do café, 22%. Apenas para o algodão a projeção é positiva, com perspectiva de alta de 4%.
câmbio e importação
A valorização do dólar, resultado da nova política monetária dos EUA, está compensando a queda dos preços agrícolas e garantindo a margem dos produtores na comercialização, principalmente no caso do açúcar, afirma o analista Julio Borges.
Desde o início de maio, quando o dólar estava cotado a R$ 2,01, a moeda já acumula valorização de mais de 12%.
O movimento tem outro efeito, porém, que é o de aumentar o preço dos insumos, já que o País depende de importação. Desde 2012, o preço dos fertilizantes aumentou 20%, e em três anos já subiu 30%. Rosa, da Aprosoja, afirma que está preocupado com o cenário dos próximos meses, já que a tendência é que o dólar continue refletindo nos custos que o produtor terá pela frente. Ele acredita que apenas o preço dos fertilizantes tenha margem para subir entre 15% e 30%.
O diretor da Aprosoja ressalta que os agricultores que fecharam contratos futuros de fertilizantes antes da subida das cotações nos últimos dois meses conseguiram se preservar do efeito cambial. Quem perdeu nesse movimento, assinala, foram as misturadoras, que importam a matéria-prima e compõem o produto no País. “Mas o produtor que comprar os fertilizantes depois pagará mais, porque a misturadora vai buscar compensar o que perdeu e vai acrescentar o aumento de agora.”
Os custos maiores devem se unir ao gasto com frete, que deve ficar mais caro com o início do escoamento da 2ª safra de milho, que já começou a ser colhida.

Fonte: DCI

Share this post!

Bookmark and Share

0 comentários:

Postar um comentário