Desemprego por período longo faz renda cair mais



Esses trabalhadores também têm maior probabilidade de voltar ao mercado exercendo atividades por conta própria ou domésticas, considerando as diferentes categorias de ocupação, com menor chance de retorno para a indústria e construção civil, quando levados em conta os diferentes ramos de atividade.
Apesar do aumento da participação dos desocupados de média e longa duração no total de desempregados – de 33,8% no primeiro trimestre de 2014 para 39% no primeiro trimestre de 2017, permanecendo relativamente estável até os primeiros meses de 2019 -, a desocupação de curta duração segue tendo maior peso para a dinâmica de inflação, avalia o BC no estudo.
No levantamento são considerados desocupados de curta duração quem procura emprego há menos de um ano. De média duração, de um a dois anos. E os desocupados de longa duração são aqueles em busca de trabalho há mais de dois anos.
Utilizando microdados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) Contínua, os técnicos avaliam a taxa de transição dos três diferentes grupos da desocupação para a ocupação, na passagem de um trimestre a outro.
Entre o primeiro trimestre de 2012 e igual período de 2019, a taxa de transição foi de 36,7% entre desocupados de curta duração e de 20,4% entre os de longa. “A análise mostra que a taxa de transição para a ocupação diminui conforme aumenta a duração do desemprego”, observam o texto.
Mesmo entre quem consegue emprego, os desocupados de maior duração têm desvantagem. Em média, os rendimentos de entrada dos desocupados de média e longa duração foram, respectivamente, 7,4% e 13,6% mais baixos que os de curta duração no período analisado, aponta o BC.
“O longo tempo fora da ocupação tende a dificultar a recolocação no mercado e, consequentemente, a reduzir o poder do trabalhador para negociar os rendimentos de entrada no mercado”, observam os técnicos. “Comparativamente aos desocupados de curta duração, os desocupados há mais tempo podem ter vínculo mais tênue à força de trabalho e, assim, maior propensão a aceitar rendimentos mais baixos ao ingressar na população ocupada.”
Os destinos dos diferentes grupos no retorno à ocupação também são distintos, mostra a autoridade monetária. Desempregados de curto prazo têm maior chance de se tornarem empregados com ou sem carteira, enquanto os de longo prazo, trabalhadores por conta própria e domésticos.
Por ramo da atividade, à medida que aumenta a duração da desocupação, maior a chance de seu retorno à atividade ocorrer nos segmentos de comércio, serviços, administração pública ou serviços domésticos, e menor na indústria ou na construção civil.
Por características dos diferentes grupos, a proporção de homens recua conforme o tempo de desocupação aumenta: eles são 52,6% dos desempregados de curta duração, 44% dos de média e 35,9% dos de longa. Há mais pessoas responsáveis pela residência entre os desempregados de curto prazo (25,3%), do que de médio e longo prazos (20,5% e 21,8%, respectivamente), o que sugere que esse grupo tem incentivo para procurar ocupação de forma mais intensa.
Por nível de educação, a proporção de indivíduos com pelo menos o ensino médio concluído é um pouco maior entre os desocupados de média e longa durações. “A menor escolaridade dos desocupados de curto prazo pode estar associada a uma maior rotatividade no trabalho e, consequentemente, a menores períodos contínuos na desocupação”, avaliam os técnicos do BC. Na distribuição por idade e cor ou raça não foram identificadas diferenças significativas entre os três grupos de desocupados.
“O próprio período de desocupação possivelmente gera alguma obsolescência na capacidade de trabalho do indivíduo, além de contribuir para possível desalento em relação à busca por ocupação”, observam os técnicos. “Adicionalmente, a duração da desocupação pode ainda sugerir, ao potencial empregador, que o trabalhador não teria as atribuições requeridas para a vaga de trabalho.”
Fonte: Valor Econômico

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