Araxá: Em carta enviada ao Presidente da Vale, Sindicato questiona postura da empresa em relação aos seus trabalhadores



É lamentável a forma de condução da direção das unidades de Tapira e Araxá. De um momento para outro a direção resolveu “rasgar” o Acordo Coletivo de Trabalho, e determinou a alteração do regime de turno ininterrupto de trabalho a partir do dia 01 de março de 2015.


O Acordo Coletivo de trabalho para as duas unidades estabelece a jornada de três turnos, com cinco turmas revezando. Trabalha-se 06(seis) dias e folga 4(quatro). O Acordo Coletivo de Trabalho, em anexo, devidamente registrado no Ministério do Trabalho e Emprego está em vigor até fevereiro de 2016. Os trabalhadores receberam a informação que a partir do dia 01 de março de 2015 irão trabalhar em jornada de 06(seis) horas, sendo quatro dias trabalhados e um de folga. Com cinco turmas.


Ora, não se pode admitir o descarado descumprimento de um instrumento que resultou de negociação de ambas as partes. Por muitos anos vigora o Acordo que a cada dois anos é renovado por consenso entre as partes. De forma unilateral não é admissível a alteração. Não se trata somente de um capricho dos trabalhadores. Em face de uma situação de muitos anos nestas escalas, os empregados passaram a adaptar a vida social às condições pré-estabelecidas.


Mais não é só. Isto é apenas a ponta de uma situação mais complexa a que está submetido os empregados aqui na região.


A) As reuniões que estão sendo feitas com os trabalhadores dentro da
unidade, sem a participação dos eleitos para a direção da entidade
sindical, estão sendo conduzidas de forma ameaçadora. O argumento é de que as unidades aqui estão deficitárias e a tendência será o fechamento das mesmas;


B) Nestas reuniões os trabalhadores que eventualmente fazem algum
questionamento têm sido até chamados de “idiotas”. E que acordos coletivos podem ser “rasgados”, posto que não possuem “valor”.


C) A empresa mantem um extraordinário programa de apoio às pessoas que necessitam de tratamentos em clínicas especializadas, em tratamentos de depedência química. Todavia, não se pode aceitar a prática recente como feita com um engenheiro de segurança. Após um acidente o engenheiro ficou mais de quatorze horas prestando a devida assistência no local do acidente. Ao retornar no dia seguinte, foi submetido a um interrogatório que o deixou tão transtornado que foi afastado por médico psiquiatra.


Após este afastamento a direção da empresa, em afronta ao Acordo
coletivo, suspendeu a entrega do Vale Alimentação e cartão da Unimed. O engenheiro ingressou com ação para receber o Vale Alimentação.e o cartão de assistência a saude Em retaliação a direção da Vale tentou proceder a demissão com assinatura do aviso prévio à revelia do trabalhador. Coletou assinatura de duas testemunhas, sendo que o trabalhador estava em outra cidade. A situação por tão absurda foi suspensa, após a interferência da entidade sindical. Estava marcada a rescisão para o dia 27/02/2015. Houve a garantia de suspensão do ato.


D) Até mesmo foi informado pelo Relações Trabalhista que o pagamento da PLR não se dará aos afastados por auxílio doença. Tal afirmação é uma afronta direta o disposto no parágrafo primeiro, letra “a” da cláusula
quarta do Acordo de Participação nos Lucros.


O que não é dito é que os prejuízos, caso existam, não estão sendo causados pelos trabalhadores que estão exercendo suas atribuições a tempo e modo. O que falta é gestão. Na unidade de Tapira estão parados mais de 45 caminhões, por falta de manutenção e mesma situação na unidade de Araxá. Os caminhões estão se deteriorando no tempo. Alguns trabalhadores ficam à disposição para trabalharem, mas os caminhões estão parados.


Foi construída uma “escada” na Unidade de Tapira, ao um custo de quase dois milhões de reais, a mais de um ano e a mesma encontra-se interditada. Ou seja, sem utilização alguma.


Deixou de dizer o RT que quando foi do interesse da empresa, para o trabalho na escala de 08 horas foi enviada por email a proposta para o Sindicato e não efetuada a devida negociação.


Dada a situação acima apresentada, impende destacar, ainda, a importância do setor de fertilizantes fosfatados para a economia do país. Inclusive interferência na balança comercial. Não faz sentido a leviandade com que é tratado os temas de “fechamento” ou não das unidades que possuem enorme importância no contexto atual de produção agrícola no Brasil. A exploração de fosfatados e produção de fertilizantes não se mede tão somente por lucro imediato. A importação de fosfatados não atende o interesse nacional e encarece a produção que exportamos. Tanto é verdade que público e notório que a opção da Vale em ingressar neste setor se deu por uma visão estratégica de desenvolvimento nacional.


Por fim ressalte-se que este apelo extremo somente se dá diante da falta de diálogo que está estabelecido e ansiedade dos trabalhadores em promoverem uma paralisação geral.


O Sindicato aguarda a resposta do Presidente, Murilo Ferreira, com a derteminação da imediata suspensão da alteração na jornada de trabalho, com restabelecimento de pontes de diálogo o mais rápido possível.

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