Indústrias
químicas e fabricantes de fertilizantes no Brasil, como Vale e Petrobras,
buscam proteção tarifária para elevar a atratividade e a taxa de retorno de
novos investimentos projetados em US$ 13 bilhões até 2017. A Câmara de Comércio
Exterior (Camex) está prestes a decidir, nos próximos dias, sobre a restauração
da Tarifa Externa Comum (TEC) para 16 tipos de matérias-primas importadas. As
sobretaxas, de 4% a 10%, foram criadas em 2001, mas estão suspensas desde 2006,
quando passaram a integrar a lista de exceção à TEC, de produtos fora do
Mercosul.
Mesmo
dividido, o governo acolheu o pedido de análise das empresas para elevar a
proteção a produtos nitrogenados, fosfatados e adubos nacionais. A proposta
inclui, ainda, a revisão da alíquota da TEC para potássio. Empresas como a
nacional Galvani, a canadense Mbac e a sul-africana Anglo American insistem que
a medida não elevará custos no campo nem incidirá nos índices de inflação de maneira
significativa. O sindicato das indústrias (Sinprifert) afirma que
"somente" 63% das matérias-primas seriam taxadas. A Associação da
Indústria Química (Abiquim) estima impacto inflacionário de 0,02%, sem reflexo
no preço final da cesta básica.
O
pedido está sob análise de um grupo de trabalho da Camex desde julho. Os vários
ministérios que compõem o colegiado têm interesses e visões distintas, apurou a
reportagem. A Fazenda, por exemplo, tem avalizado uma política contrária ao
pedido dos industriais, autorizando redução das tarifas de importação,
exatamente para afastar pressões sobre a inflação.
Disputa
Mas
há ponderações internas, assim como no Ministério do Desenvolvimento, em
relação ao expressivo volume de investimentos em jogo. O governo tem tentado,
de várias formas e com diversos programas, atrair capital privado para
estimular a atividade econômica. Os ministérios da Agricultura e do
Desenvolvimento Agrário, entretanto, são contra.
Querem
evitar uma potencial elevação de custos aos produtores rurais, sobretudo em um
momento de pressão do dólar, que baliza boa parte dos insumos. "Vale e
Petrobras têm muito peso nessa retomada dos investimentos. E têm força
política", diz uma fonte do governo envolvida nas negociações. A elevação
da TEC poderia ser dividida em duas etapas, avalia a Camex. "É algo que
podemos fazer", diz o presidente executivo da Abiquim, Fernando
Figueiredo.
A
conta da importação desses produtos é salgada. Em 2012, custou ao País US$ 8,6
bilhões em adubos e fertilizantes. Até junho, somou US$ 4,23 bilhões - US$ 1
bilhão acima de igual período do ano passado. Consultadas, Petrobras e Vale não
se pronunciaram separadamente, mas reencaminharam questões à Abiquim e
Sinprifert.
Os
produtores rurais são contra a medida. E evocam a elevação de 25% dos custos
com fertilizantes na comparação com a última safra. "Na soja, em Mato
Grosso, subiu de R$ 464 para R$ 580 por hectare em média", diz o
presidente da Associação dos Produtores de Soja (Aprosoja Brasil), Glauber
Silveira. "Enquanto o agronegócio tenta correr, o governo engatinha
debatendo aumento de custos." As informações são do jornal O Estado de S.Paulo.
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