A Força Sindical e as demais centrais pleiteiam a
suspensão da votação do PL 4330/04, que amplia a terceirização na Comissão de
Justiça da Câmara dos Deputados. “A medida é importante porque estamos próximo
ao um acordo”, disse Sergio Luiz Leite, Serginho, representante da Força
Sindical na Comissão quadripartite, que analisa o projeto.
Ontem (dia
12), os membros da Comissão – trabalhadores, parlamentares, governo e
empresários – se reuniram em Brasília, das 14 horas às 20h30, para negociar o
PL 4330, que tem pontos divergentes. “Estamos fazendo um grande esforço para o
acordo. Justamente por este motivo não podemos deixar a votação acontecer,
porque se ela se concretizar a negociação estará rompida”, afirmou Serginho.
Conforme o jornal Folha de S. Paulo, o projeto de lei que regula a terceirização no país, o PL 4.330, deve entrar em votação amanhã na CCJ (Comissão de Constituição e Justiça) da Câmara após empresários, governo e deputados chegarem a um consenso e modificarem pontos da proposta original feita em 2004 pelo deputado Sandro Mabel (PMDB-GO).
O
principal ponto do texto, que será apresentado à comissão no relatório feito
pelo deputado Arthur Maia (PMDB-BA), é que a terceirização pode ser estendida
para todas as atividades de uma empresa.
As
centrais sindicais defendem que o projeto proíba a contratação de terceiros na
chamada atividade-fim (aquela considerada a principal de uma empresa).
Ainda não
há lei no país sobre terceirização no setor privado, mas a súmula 331 do TST
(Tribunal Superior do Trabalho) proíbe a prática para atividades-fim.
Exemplo:
em uma fabricante de aparelhos eletroeletrônicos, a atividade-fim está
relacionada à produção do produto (celular, TV, geladeira). Atividades como
segurança, alimentação, vigilância, conservação e limpeza são chamadas de
atividade-meio --e são terceirizadas na maior parte das empresas.
"Acaba
o conceito de atividade fim e meio. A terceirização pode ocorrer em qualquer
etapa do processo produtivo, aumenta a competitividade das empresas. Entra o
conceito de especialização. Mas a terceirizada tem de ser uma empresa que
realize uma única atividade. Não será como hoje em que funcionam como
intermediadoras de mão de obra", afirma Maia.
Ainda,
segundo o relator, as regras para uma empresa atuar como terceirizada serão
mais rígidas. "Terá de comprovar que os funcionários têm qualificação
técnica, terá de criar uma conta específica e depositar um valor mensal para
garantir que no final do contrato irá pagar a rescisão dos terceirizados."
O
parlamentar também afirma que a nova lei trará segurança jurídica às empresas.
"As
empresas têm de pagar multas milionárias porque no entendimento dos tribunais
terceirizam atividades que não poderiam. Hoje há uma grande confusão."
O projeto
voltou a ser discutido pela quinta vez ontem em Brasília em uma reunião que
durou seis horas entre representantes das centrais sindicais, governo,
parlamentares e empresários.
Segundo
integrantes das negociações, o texto tem apoio de três quartos dos
participantes mesmo após trabalhadores e sindicalistas irem para as ruas contra
o projeto.
"Se
o projeto for aprovado dessa forma, estará declarada guerra entre capital e
trabalho no dia a dia das empresas. É preciso ter limites para a
terceirização", diz Sérgio Luiz Leite, representante da Força Sindical na
reunião.
Para o
sindicalista, se houver mais tempo para discussão do projeto, ele pode avançar.
"Nós aceitamos discutir o conceito de especialização, mas é preciso tempo.
Assim como aceitamos discutir quem tem o direito de representar nas negociações
coletivas os terceirizados."
As
centrais prometem novas manifestações e iniciar uma vigília no Congresso na
tentativa de impedir que o texto seja aprovado.
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