A Primeira Turma do Tribunal
Superior do Trabalho (TST) decidiu não conhecer recurso de revista formulado
pela Usina Alto Alegre S/A e confirmou a decisão do Tribunal Regional do
Trabalho da 15ª Região, na qual sentenciou a empresa ao pagamento de R$ 30 mil
em indenizações a um cortador de cana. A metade do valor (R$ 15 mil)
corresponde aos danos morais e, a outra metade, aos danos estéticos. O
trabalhador sofreu um corte no segundo dedo da mão esquerda, ao fazer a limpeza
do instrumento de trabalho, um facão.
O trabalhador alegou na
inicial que perdeu o movimento do dedo em razão do acidente de trabalho,
resultando em deformidade e incapacidade parcial e temporária, que o
impossibilita de fazer movimentos de apreensão com o referido dedo. Segundo
ele, apesar de ter sido diagnosticada uma lesão no tendão e no nervo três dias
após o incidente, só foi submetido a procedimento cirúrgico depois de quase um
mês. Ele confirmou que recebeu Equipamentos de Proteção Individual (EPI),
mas que as luvas não o protegiam e, também, que não recebeu treinamento para
manusear o facão de corte de cana. As despesas com o tratamento foram custeadas
pela usina empregadora. O pedido de indenização foi indeferido em um primeiro
momento.
Mas, após exame de recurso do cortador de cana, e
alegando a responsabilidade objetiva do empregador, o acórdão regional acabou
condenando a reclamada ao pagamento da indenização por dano moral e material e
por dano estético. Foi indeferido, no entanto, o pedido de recebimento de
pensão, por não ficar comprovada a incapacitação para o trabalho alegada pelo
trabalhador. No recurso de revista formulado pela Usina ao TST, a Primeira
Turma concluiu que o trabalhador ficou parcialmente incapacitado para
atividades que exijam habilidade e destreza com a mão lesionada.
O relator, ministro Hugo
Carlos Scheuermann, negou conhecimento do recurso por considerar, entre outros,
que não houve exorbitância na fixação do valor da indenização, segundo
alegações da reclamada. O ministro também adotou sua própria interpretação
sobre a divergência entre dano moral e dano estético, para contraditar a
alegação da reclamada objetivando não reconhecer a cumulatividade dos dois
danos. Para Scheuermann, "o dano estético é uma subdivisão do dano
moral", e, portanto, a cumulação dos danos é perfeitamente possível.
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