Fonte: Globo Rural
Indústrias estrangeiras estão de olho em um setor
brasileiro que cresce de 12% a 16% ao ano, movimenta cerca de R$ 3 bilhões e é
estratégico para o aumento de produtividade do
agronegócio brasileiro. Trata-se do negócio de fertilizantes especiais, instalado no país há cerca de três
décadas e que hoje reúne em torno de 300 fabricantes, principalmente nas
regiões Sul e Sudeste.Segundo Roberto Levrero,
presidente da Abisolo,
associação que reúne empresas do setor, não há como escapar desse assédio. “As
indústrias brasileirão são novas e frágeis. A tendência é aceitarem a fusão com
as internacionais ou ser engolidas pelo mercado.”
A afirmação foi feita nesta quinta-feira (22/8)
durante o V Fórum Abisolo (Associação
Brasileira das Indústrias de Tecnologia em Nutrição Vegetal), que está
sendo realizado em Ribeirão Preto (SP), reunindo cerca de 1.200 empresários,
distribuidores de insumos, fabricantes de matérias-primas e embalagens,
gestores públicos e pesquisadores da área, entre outros. Segundo Levrero, dono
de uma indústria do setor em Valinhos (SP), mensalmente de três a quatro
empresas brasileiras são assediadas por multinacionais.
A
fragilidade da indústria, que responde por cerca de 10% do mercado nacional de
fertilizantes, é agravada, segundo a diretoria da Abisolo, por problemas de
regulamentação de seus produtos e pelo fato de o setor não ter a desoneração
tributária atribuída aos fertilizantes tradicionais. A questão da logística
“porteira afora” também foi lembrada pelos dirigentes da Abisolo, todos eles
empresários do setor. Segundo eles, falta um posicionamento do governo para
garantir segurança ao agricultor e possibilitar que ele invista mais em
fertilizantes especiais para elevar a produtividade e eficiência de seu
negócio.
Dependente de avanços tecnológicos, o setor de
fertilizantes especiais investe mais em pesquisa do que outras áreas.
Atualmente, as indústrias contratam engenheiros agrônomos com mestrado e
doutorado em tratamento de solo e nutrição vegetal para desenvolvimento na
própria empresa de produtos específicos para atender os clientes. São parceiras
também da Embrapa e de
universidades, inclusive ajudando a financiar pesquisas.
Em ascensão
No Fórum, o palestrante e pesquisador da Embrapa Solos José Carlos
Polidoro afirmou que os fertilizantes especiais alcançaram grande avanço a
partir de 2006, quando deixaram de ser produtos exclusivos de horticultura e
jardinagem e passaram a ser usados nas culturas de grãos, cana e fibras.
Polidoro ressaltou que o setor pode ganhar e
crescer muito investindo na produção de fertilizantes organominerais,
resultantes da mistura de fertilizantes minerais com os orgânicos, cuja matéria prima
(dejetos) está cada vez mais abundante no país com o aumento de produção de
suínos e aves. “E a tecnologia de produção desses organominerais é praticamente
100% brasileira”, disse o pesquisador.
O Fórum Abisolo termina nesta sexta. Paralelamente
ao fórum, está sendo realizada a 1ª Fertishow (Exposição Nacional e Internacional da Indústria de Fertilizantes
Especiais), com a participação de 35 empresas do setor de nutrição
vegetal.
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