Agência Estado
Presidentes das centrais
sindicais ficaram assustados e preocupados com os números do Cadastro Geral de Empregados
e Desempregados (Caged), com geração de apenas 41.463 empregos formais em
julho. O resultado é o menor para o mês desde 2003, quando a série sem ajuste
registrou a criação de 37.233 vagas.
"Esta notícia é muito
ruim, principalmente porque vem no momento em que começam as campanhas
salariais das grandes categorias como metalúrgicos, químicos e
petroleiros", declarou ao Broadcast, serviço de notícias em tempo real da
Agência Estado, João Carlos Gonçalves, Juruna, secretário-geral da Força Sindical,
ao chegar ao Palácio do Planalto para se reunir com o ministro-chefe da
Secretaria Geral, Gilberto Carvalho. O tema principal do encontro é o fator
previdenciário.
"Isso preocupa porque
redução de emprego não combina com pedido de aumento", emendou Juruna, que
lamentou que a redução do emprego venha no momento em que o governo acaba de promover
mudanças na correção do seguro-desemprego. "Justo quando os trabalhadores
mais precisam vem esta mudança que achata o valor do segurodesemprego",
reclamou.
"Estamos indignados com
essa mudança", desabafou o presidente da União Geral dos Trabalhadores
(UGT), Ricardo Patah. Ele salientou ainda que o índice de reajuste do benefício
não poderia, "em hipótese alguma", ser reduzido e "não houve
correção adequada dos valores do seguro-desemprego, ficando abaixo da
inflação".
Ao falar da queda do índice
de empregos em julho na comparação com junho, Patah disse que é "muito
ruim e nos preocupa muito principalmente porque há uma conjunção de fatores
negativos que podem agravar a situação". Patah lembrou que o cenário é de
alta da taxa cambial, elevação da taxa Selic, redução do crescimento econômico
e a consequência sempre chega no trabalhador.
Para o presidente da UGT,
"as perspectivas já não eram as melhores por causa desta conjunção de
fatores e estes números causam preocupação". Patah ressalvou que os dados
talvez não se sustentem neste patamar tão ruim.
"Tradicionalmente, a
partir do mês que vem, pode chover canivete, que mesmo com continuidade de
perspectiva negativa, o comércio reage contratando por causa do fim de
ano." Com isso, prosseguiu, é possível que se consiga manter os níveis
classificados de pleno emprego.
Para o ano que vem, no
entanto, Patah observou que tudo vai depender da política implementada, de valorização
da produção. Ele acrescentou que o fato de ter Copa do Mundo e eleições em 2014
acaba favorecendo a geração de emprego e perspectivas positivas.
"O número preocupa, mas
chegou em um momento que pode ser recuperado neste último trimestre, quando
comércio e serviços sempre apresentam dados positivos pois a contratação, a
partir de setembro, sempre acontece", frisou Patah, acrescentando que 2014
ainda é uma "incógnita". O presidente da UGT citou ainda que não se
pode deixar de lado "a voz das ruas" que "foi inesperada",
agora tem um peso ainda maior e pode ser um fator importante nesta equação
complexa da economia e na decisão sobre políticas de geração de empregos.
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