A americana Cargill, maior
empresa de agronegócios do mundo, encerrou o quarto trimestre de seu exercício
2013, em 31 de maio, com lucro líquido global de US$ 483 milhões, quase sete
vezes superior ao resultado de igual intervalo do ano-fiscal anterior (US$ 73
milhões). As vendas no período somaram US$ 35,4 bilhões, um aumento de 4% na
mesma comparação.
Com os incrementos
observados, a companhia informou que fechou o exercício com lucro líquido total
de US$ 2,31 bilhões, quase 98% maior que o de 2012 (US$ 1,17 bilhão), e vendas
2% superiores, da ordem de US$ 136,7 bilhões. O fluxo de caixa anual das
operações ficou em US$ 4,18 bilhões, um aumento de 19% sobre o ano-fiscal
anterior.
Em comunicado, Greg Page,
CEO global da Cargill, destacou que os resultados melhoraram em praticamente
todas as divisões de negócios da múlti, e ressaltou o papel da estratégia de
hedge da companhia diante da elevada volatilidade das commodities. Page também
louvou o gerenciamento dos riscos logísticos da Cargill. Particularmente no
Brasil, a logística foi um dos maiores desafios das grandes tradings de grãos
no primeiro semestre deste ano.
Em grande medida, o salto
observado no lucro líquido reportado pela companhia pode ser considerado uma
recuperação, uma vez que o resultado do ano-fiscal 2012 foi 56% menor que o do
exercício 2011, que foi recorde (US$ 2,69 bilhões). A pressão para a queda veio
de margens apertadas no processamento de óleos vegetais e no segmento de carnes
em meio a incertezas sobre a saúde da economia global, que perduram.
Independentemente disso, o
"viés" da Cargill parece ser mais positivo do que o de suas
principais concorrentes globais. De abril a junho deste ano, as também
americanas ADM e Bunge amargaram quedas em seus lucros líquidos globais. O da
ADM caiu 21,5% sobre igual intervalo de 2012, para US$ 223 milhões, enquanto o
da Bunge diminuiu 50,4% na comparação, para US$ 136 milhões.
As baixas foram
influenciadas por performances abaixo das esperadas nos mercados de grãos e
bioenergia nos EUA. E nos dois casos, em um raciocínio que também vale para a
Cargill, as fichas para este segundo semestre estão depositadas sobre o Brasil,
cuja colheita de grãos poderá superar 200 milhões de toneladas na temporada
2013/14, que começará a ser semeada em setembro.
No primeiro semestre deste
ano, marcado por um forte aumento da colheita brasileira de grãos, as três
gigantes americanas ampliaram seus embarques a partir do país e se mantiveram
entre as seis principais empresas exportadoras. Segundo dados da Secretaria de
Comércio Exterior (Secex), a primeira no ranking foi a Vale, seguida por
Petrobras, Bunge, Cargill, BRF e ADM.
Os embarques da Bunge
renderam US$ 3,704 bilhões no período, 7,1% a mais do que em igual intervalo de
2012. A receita das exportações da Cargill cresceu 20,6%, para US$ 2,656
bilhões, enquanto no caso da ADM o aumento foi de 16,3%, para US$ 2,422
bilhões.
Com a clara tendência de
queda das cotações de grãos como soja e milho, derivada principalmente da
recomposição da oferta americana, mas também de gordas colheitas em países como
o Brasil, deverá haver espaço para as empresas ampliarem as margens globais de
processamento. No mercado de bioenergia, particularmente no segmento de etanol,
as expectativas também são de avanço, especialmente no mercado brasileiro.
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