O Banco Nacional de
Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) é enfático: há recursos de sobra
para financiamento de projetos de pequeno e grande porte da indústria química nacional.
Mesmo ampliando de forma significativa os desembolsos para esse segmento daindústria
nos últimos anos, o banco de fomento estatal garante estar pronto para apoiar
as empresas que desejem aumentar sua capacidade de produção. "Faltam
projetos", diz o Gabriel Gomes, chefe do departamento de Química do BNDES.
"Os recursos estão disponíveis e não temos um teto. Os desembolsos vão se
adequando à demanda", diz ele.
Hoje o BNDES está presente
em praticamente todos os projetos em execução do setor químico no país. Os
investimento estão concentrados no complexo de Suape (PE) e no Complexo Petroquímico
do Rio de Janeiro, o Comperj, além dos projetos de fertilizantes que a estatal executa.
O banco ampliou de forma significativa os desembolsos para o setor químico
nessa década. Entre 2000 e 2006, por exemplo, o BNDES liberou cerca de R$ 1,5
bilhão ao ano para o setor. A partir de 2007 os desembolsos anuais subiram para
R$ 2,5 bilhões. No ano passado, o banco atingiu seu recorde, batendo na casa
dos R$ 4,5 bilhões.
O aumento no aporte de
recursos, no entanto, não indica necessariamente um viés de alta para o futuro.
"Estamos vivendo um momento em que vemos ameaças por conta do gás de xisto
extremamente barato nos Estados Unidos e ao mesmo tempo a indústria brasileira
é frágil por investir excessivamente em commodities", diz Gomes. "Estamos
propondo ao governo e à indústria uma série de medidas para mudar esse cenário",
diz ele.
O principal deles é
convencer o executivo de que a indústria química precisa passar por um processo
amplo de desonerações para se manter competitiva diante do avanço americano. Em
abril, a Fazenda aceitou reduzir a alíquota do PIS/Cofins de 5,6% para 1%.
Pelos cálculos do governo, a desoneração vai gerar uma renúncia fiscal de R$
1,7 bilhão apenas neste ano. "Foi uma boa notícia, mas é preciso mais para
destravar os investimentos", diz a diretora de Economia e Estatística da
Associação Brasileira da Indústria Química (Abiquim), Fátima Coviello.
O BNDES está propondo um
pacote de desonerações ainda mais amplo.. A ideia é convencer o governo de que
esse setor, ameaçado pela energia barata americana, precisa de mais incentivos para
investir. Entre as propostas do BNDES ao Ministério da Fazenda estão a
desoneração das matérias primas e bens de capital. "Sem as desonerações,
será difícil destravar os investimentos", acredita.
O BNDES tem concentrado seus
esforços de incentivo ao investimento em segmentos mais sensíveis e
estratégicos para a indústria química brasileira. Historicamente, o banco tem
feito a maior parte dos seus desembolsos em projetos ligados a químicos
orgânicos, principalmente os petroquímicos básicos, a matéria prima para
indústria plástica. Entre 2000 e 2011, 44% dos aportes feitos pelo BNDES foram
para esse segmento e outros 22% seguiram em direção às resinas, que fazem parte
da mesma cadeia. "Esse setor é muito importante porque atende toda a
indústria de transformação", afirma o representante do BNDES.
No entanto, reconhece, é um
setor extremamente commoditizado. Na visão do BNDES a indústria brasileira
precisa apostar mais no desenvolvimento de produtos com alto valor agregado. A
principal crítica do banco é que no Brasil o setor químico investe muito pouco
em pesquisa e desenvolvimento. "A média mundial nesse setor é de 2,5% de
investimento em P&D", diz Gabriel Gomes. "No Brasil chegamos
apenas 0,6% e isso precisa mudar". Por isso, o BNDES tem decidido investir
em projetos de menor porte e de ciclo mais longo que possam trazer avanços e,
claro, mais agregação de valor. É um processo mais lento, mas, acredita o banco,
pode trazer resultados mais expressivos a médio e longo prazo. A química verde
entra nesse segmento e tem sido uma aposta forte do BNDES
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