Os Correios foram condenados
pela Vara do Trabalho de Gurupi (TO) a pagar R$ 20 milhões de indenização por
danos social e moral coletivo em um caso envolvendo a discriminação de uma
trabalhadora com deficiência visual, demitida após o período de estágio
comprobatório.
Desse valor, R$ 10 milhões
serão destinados ao Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT) e os outros R$ 10
milhões serão enviados à Associação dos Portadores de Deficiência do Estado de
Tocantins.
A decisão também determina
que a funcionária, Vânia de Souza Gomes, receba pagamento de R$ 188,5 mil por
danos morais. Em nota, os Correios afirmaram que vão recorrer da decisão.
A trabalhadora, moradora de
Gurupi, acusa os Correios de demissão discriminatória e de não oferecerem
condições de trabalho adequadas para pessoas com deficiência visual. Ela foi
aprovada para o cargo de agente de correios/atendente comercial em concurso público
do órgão.
No treinamento, na capital
Palmas, afirmou que não teve acesso a computadores adaptados ou apostilas em
braile. Depois dessa etapa, foi lotada na cidade de Marianópolis, que fica a
288 quilômetros de Gurupi e onde também não foram feitas adaptações físicas ou
tecnológicas que viabilizasem o desempenho das atividades pela empregada.
Segundo a trabalhadora, o
funcionário responsável por seu treinamento passou as informações apenas para a
outra empregada aprovada no concurso. Após o período de estágio comprobatório,
Vânia diz ter sido demitida, sem que os Correios fizessem as adaptações
necessárias para que pudesse trabalhar.
Na decisão, o juiz do
trabalho Alcir Kenupp Cunha confirmou ainda a reintegração de Vânia aos quadros
dos Correios, mas com lotação na cidade de Gurupi. O procurador do trabalho
Carlos Eduardo Nassar afirma que a decisão demonstra a importância de garantir
um ambiente adequado, inclusivo, acessível e aberto às pessoas com deficiência.
"A condenação contribui para evitar quaisquer tipos de discriminação contra
pessoas com deficiência, e garante que as pessoas tenham um tratamento previsto
constitucionalmente", diz.
Em nota, os Correios afirmam
ainda que, "como empresa inclusiva, mantêm em seu efetivo hoje cerca de
sete mil pessoas com deficiência. Nos concursos, a ECT destina 20% de vagas às
pessoas com deficiência - acima dos 5% exigidos pela legislação".
0 comentários:
Postar um comentário