Fonte Valor Econômico
Pela primeira vez uma autoridade
argentina detalhou qual a proposta feita pelo governo da presidente Cristina
Kirchner à mineradora brasileira Vale, para a retomada do projeto de extração
de potássio Rio Colorado, abandonado em março deste ano. O projeto era o maior
investimento estrangeiro direto na Argentina, com orçamento de cerca de US$ 6
bilhões.
Em um ato na cidade de Malargue,
que era a sede do projeto, o governador da Província de Mendoza, Francisco
Pérez, afirmou à imprensa local que Cristina propôs a redução do projeto a um
investimento de US$ 3 bilhões.
De acordo com Pérez, a nova
versão eliminaria a construção de uma ferrovia atravessando três províncias
(Mendoza, Neuquén e Buenos Aires) e a instalação de um terminal marítimo em
Bahia Blanca. Haveria também uma redução de 70% na produção de potássio
prevista para o empreendimento, que cairia de 4,5 milhões para 1,5 milhão de
toneladas anuais.
Segundo Pérez afirmou nas
entrevistas transcritas pelos jornais "Nueva Provincia", de Bahia
Blanca, e "Ambito Financiero", de Buenos Aires, o próprio Estado
argentino entraria como sócio da mineradora brasileira. Pérez afirmou que
estaria planejando viajar ao Brasil para uma reunião com a diretoria do BNDES,
outro financiador possível para a nova versão do projeto.
Procurado pelo Valor,
o governador de Mendoza não quis comentar o assunto. A assessoria do governador
disse que Pérez mencionou a proposta feita à Vale em "circunstâncias não
oficiais" e que não há data ainda para a viagem ao Brasil.
A proposta do governo argentino à
Vale foi formalizada em abril e discutida na reunião de cúpula entre as
presidentes Cristina Kirchner e Dilma Rousseff. No mesmo dia, em uma
conferência com investidores, a direção da empresa confirmou a disposição da
Vale em se desfazer do projeto.
No início de maio, em uma viagem
a Buenos Aires, o assessor internacional da presidência da República, Marco
Aurélio Garcia, afirmou que a Argentina havia feito "uma proposta bastante
razoável" para a mineradora, que ainda não havia sido respondida. Em
meados do mês passado, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva esteve em
Mendoza, para uma conferência paga pela Telefónica, e encontrou-se com
Francisco Pérez, com quem discutiu o tema.
O Valor apurou que não está nos planos da Vale
retomar o projeto de potássio de Rio Colorado nas bases atuais. A empresa não
comenta o assunto, mas uma fonte disse que a companhia recebeu carta da YPF na
qual a petroleira argentina, estatizada em 2012, teria apresentado uma
"ideia" de retomada do projeto em bases menores sem explicar como
isso seria possível. Mesmo assim, para a Vale, não houve nenhuma mudança nas
condições que levaram o conselho de administração da companhia a suspender o
projeto, em março deste ano.
A carta enviada à Vale pela YPF
causou estranheza. Primeiro por ser remetida pela petroleira e não diretamente
pelo Executivo argentino. Mas sobre tudo porque a mensagem tenta fazer a Vale
retomar o projeto enquanto a companhia continua a receber sinais
"hostis" do governo da presidente Cristina Kirchner como o bloqueio
de equipamentos da mineradora em território argentino.
0 comentários:
Postar um comentário