“Vale depende cada dia mais da economia chinesa” , entenda o caso



Os mercados internacionais, o principal índice de ações da Bolsa brasileira registra queda na manhã da ultima segunda-feira (15). Os investidores avaliam indicadores econômicos adversos, enquanto seguem na expectativa pela decisão do governo sobre a taxa básica de juros brasileira nesta semana.
Ás 10h55 (horário de Brasília), o Ibovespa registrava desvalorização de 1,60%, para 54.079 pontos. O desempenho era puxado pela forte queda das ações da Vale, que possuem o maior peso entre todos os papéis que compõem o índice, refletindo dados negativos vindos da economia chinesa.
Às 10h57, as ações mais negociadas da Vale caíam 3,67%, para R$ 31,72 cada, pressionadas por dados da China que também prejudicavam o desempenho de papéis de mineradoras nas Bolsas de valores da Europa.
A economia China, maior consumidora de metais do mundo, registrou uma desaceleração inesperada no primeiro trimestre, com crescimento de 7,7% na comparação com igual período de 2012.
As referências vindas dos Estados Unidos também contribuem para o sentimento de aversão ao risco entre os investidores ao redor do globo.
Por lá, o ritmo de crescimento da indústria do Estado de Nova York desacelerou mais do que o esperado em abril, à medida que as novas encomendas caíram, sugerindo que a economia perdeu um pouco de força no início do segundo trimestre, mostraram dados do Federal Reserve de Nova York nesta segunda-feira.
O índice de condições empresariais gerais, do Fed de Nova York, recuou para 3,05 pontos em abril, ante 9,24 pontos em março, abaixo das previsões de economistas de 7 pontos no período em questão.
Aqui, mesmo com a inflação tendo estourado o teto da meta definida pelo BC (Banco Central) em março, o mercado manteve a convicção de que a autoridade monetária não vai subir a taxa básica de juros da economia brasileira, a Selic, para frear a alta dos preços --pelo menos no curto prazo.
Segundo o Boletim Focus divulgado pelo BC nesta segunda-feira, o mercado projeta que a Selic seja mantida em 7,25% ao ano na reunião desta semana do Copom (Comitê de Política Monetária).
No médio e longo prazos, no entanto, a projeção do mercado é de alta da taxa básica de juros: para 7,75% ao ano na reunião de maio e para 8,50% até o fim do ano --taxa que deve permanecer estável ao longo de 2014, segundo o mercado.
Apesar disso, os analistas consultados mantiveram a projeção de expansão do PIB (Produto Interno Bruto) de 3,00% em 2013, sem alteração em relação à projeção da semana anterior. Para 2014 também houve manutenção da perspectiva de crescimento: 3,50%.

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Vale já vende mais de 50% do produto para China

Em um cenário onde ainda predomina a volatilidade nos mercados de commodities, a tendência da Vale é aumentar a venda de seu minério para a China. "Hoje, 50% do minério da companhia vai para a China. A tendência é aumentar este percentual. Os investimentos vão continuar a ser o motor da economia chinesa", disse ao Valor o diretor-executivo de ferrosos e estratégia da Vale, José Carlos Martins. De janeiro a setembro de 2012, as vendas de minério para China superaram 50%.
O executivo desenha um cenário melhor para o minério em 2013, depois um 2012 desafiador. "Os preços do minério devem manter certa estabilidade no 1º semestre e ter média maior do que o mercado está prevendo, mas só assumo é que os preços - dada da volatilidade - podem oscilar entre as faixas de US$ 110 a US$ 180 na média trimestral".
Apesar de não arriscar previsões, Martins admite que o ano começou bem. A média de preços de janeiro no mercado à vista da China foi de US$ 151 e, em fevereiro, até a semana passada, estava na faixa de US$ 153 a tonelada. Até agora, a média do 1º trimestre está em US$ 153, ante US$ 130 no último trimestre do ano passado. "A subida de preços está muito rápida e reflete mais o sentimento do momento de mercado do que dos fundamentos", alerta.
O executivo não crê que a situação do mercado de minério vá mudar entre abril e junho ante o 1º trimestre do ponto de vista da oferta e da demanda. Hoje, a oferta está estável e a demanda se recupera porque a produção de aço parou de cair. "Os fundamentos estão bons mas não estão tão fortes quanto os sentimentos do mercado. Mas devo reconhecer que não tem produção de aço caindo em nenhum lugar do mundo. Apesar de estar num nível baixo, a produção de aço parou de cair em janeiro e esta é uma boa notícia. Isso criou novo animo para o mercado. Se os clientes acham que vai aumentar a demanda por aço antecipam e recompõem estoques e isto é que está acontecendo", afirmou.
Para o segundo semestre, Martins já espera um aumento da oferta de minério pelos australianos no mercado da Ásia, principalmente. O impacto dessa maior oferta sobre os preços da commodity é uma incógnita, uma vez que vai depender de como a demanda vai se comportar. " Até agora, os preços têm subido por conta de um processo de recomposição de estoques por parte dos traders chineses e alguma sinais de recuperação nos mercados do Japão, dos Estados Unidos e até da Europa. Vamos ver como ela vai se comportar pois o mercado consumidor de aço começa a se recuperar. A China responde por 50% da demanda mundial de aço e por 70% da demanda de minério. O minério é mais dependente da China".
Com base nesta realidade, a Vale trabalha para aumentar as vendas de minério para a China. Até setembro de 2012, vendeu 184 milhões de toneladas de minério de ferro para o mercado global, das quais 102 milhões de toneladas foram para a China, ou seja, 55,4% das vendas totais. "Os mercados americano, europeu e japonês são relativamente maduros com baixo potencial de aumento de consumo e o mercado brasileiro tem sofrido verticalização muito grande da maioria dos clientes da Vale. Então, o que ocorre é que toda nossa produção excedente vai para a China", afirma o executivo. Segundo ele, as vendas da Vale estão bem desde dezembro. "Estamos totalmente vendidos neste momento. Toda tonelada que é produzida é embarcada".
A mineradora vai aumentar a produção de minério para 402 milhões de toneladas em 2017. Para 2013, estima produzir 306 milhões de toneladas, além de 10 milhões da Samarco. O mesmo volume de 2012. Hoje, todas as minas produtivas da Vale estão no Brasil. Fora há apenas o projeto Simandou, na Guiné, uma alternativa de longo prazo para a Vale. No momento, a direção da Vale aguarda definições regulatórias do governo da Guiné para voltar a tocar Simandou. "Tudo depende da definição das condições regulatórias pelo governo da Guiné. Estamos aguardando".

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