Relatório diz que disponibilidade de caixa caiu R$
8 bi em 2012 e dívida cresceu R$ 40,8 bi
Relatório
do Tribunal de Contas da União (TCU) a ser julgado hoje mostra que a política
de estímulo ao consumo da gasolina, adotada pelo governo Dilma Rousseff, aliada
a pesados investimentos conduzem a Petrobrás a uma situação de estrangulamento
financeiro.
Enquanto
a disponibilidade de caixa da estatal caiu R$ 8 bilhões em 2012, o
endividamento subiu R$ 40,8 bilhões, basicamente para cumprir a promessa de
ampliar a exploração e o refino. Para o tribunal, os dois fatores podem
dificultar o projeto de expansão para os próximos anos. Em 2011, a
dívida da companhia aumentou de R$ 155 bilhões para R$ 196 bilhões, passivo
equivalente a 57% do valor patrimonial. Fora a captação de recursos recorde
para viabilizar a prospecção na camada do pré-sal, de R$ 120 bilhões, a partir
de 2010 a empresa contraiu empréstimos de longo prazo vultosos - cerca de R$ 80
bilhões.
Paralelamente,
a geração de recursos foi insuficiente para as demandas expansionistas. Se, ao
fim de 2011, o caixa tinha R$ 35,7 bilhões, em 2012 houve queda de 22%, para R$
27,6 bilhões. O plano de negócios prevê investimentos de US$ 47,3 bilhões até
2016, tendo as atividades operacionais como principal fonte de financiamento.
Dependência:
"Neste
cenário de expansão de despesas de capital, uma redução na geração de caixa da
empresa pode representar risco à capacidade de financiar os projetos",
alerta o Tribunal de Contas da União.
O
relatório aponta o estímulo ao consumo de combustíveis, que fomenta prejuízos à
área de abastecimento, como uma das principais fontes das dificuldades
enfrentadas.
De 2008 a
2012, com a derrocada da indústria de etanol, por causa da baixa
competitividade no mercado, a demanda por gasolina nas bombas cresceu 58%. Com
isso, aumentou a dependência do Brasil das importações de óleo cru para refino.
O
petróleo é comprado lá fora a valor mais elevado que o vendido no mercado
interno. Em 2012, houve reajuste nos preços da gasolina e do diesel, mas, para
evitar o repasse ao consumidor, a alíquota da Contribuição de Intervenção no
Domínio Econômico (Cide) sobre esses produtos foi zerada. Para o TCU, a estatal
continuará deficitária nesse ambiente de demanda crescente.
Um
agravante, segundo o relatório, é que não há, em curto prazo, perspectiva de
aumento na capacidade de refino.
"O
ano foi considerado de perdas e esse cenário tende a permanecer", prevê o
relatório.
No
governo Dilma Rousseff, as receitas da Petrobrás com exportações de óleo cru
passaram a ser menores que as despesas com importações, invertendo o quadro de
2009 e 2010. Para o TCU, a autonomia do País no setor, apregoada pelo governo,
precisa ser relativizada.
Importações. A
autossuficiência na produção de petróleo, anunciada em 2006, referiu-se apenas
aos volumes absolutos importados e exportados.
"Em
termos financeiros, o País ainda não consolidou uma margem positiva frente à
dependência que possui de importações, notadamente de derivados", conclui
o relatório.
O TCU
também cita a paralisação, desde 2008, dos leilões para áreas de exploração de
petróleo, enquanto o governo discutia mudanças no marco regulatório do setor.
Segundo o
relatório, embora a situação tenha impedido investimentos, possíveis prejuízos
da indústria devem ser diluídos no tempo, com a retomada das concessões em
2013.
Procurada
pela reportagem, a Petrobrás não se pronunciou a respeito.
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