ADM quer manter portos da GrainCorp se aquisição for aprovada

 

A Archer Daniels Midland (ADM) pretende manter os portos de propriedade da GrainCorp após a conclusão da aquisição da companhia. O movimento pode intensificar tensões com produtores australianos, que temem ficar sem uma infraestrutura de exportações importante.
Mas a empresa norte-americana defende que os agricultores receberão preços mais elevados e maior acesso aos mercados de alimentos da Ásia e do Oriente Médio. Adquirir a GrainCorp daria à ADM o controle de sete dos oito portos onde ocorrem 90% dos embarques de grãos pela costa leste da Austrália, porta de entrada para o crescente mercado asiático. O acordo, de 3,4 bilhões de dólares australianos (US$ 3,3 bilhões), ainda necessita de aprovação de órgãos regulatórios na Austrália e na China, bem como dos acionistas da GrainCorp.
Produtores australianos, já espremidos por aumento de custos, moeda local forte e altos níveis de dívida acumulada em anos de seca, temem ver seu poder de barganha na cadeia de abastecimento reduzido ainda mais se a aquisição da GrainCorp pela ADM for aprovada. O grupo de lobby Agricultores NSW escreveu a autoridades australianas pedindo que a ADM se desfaça de ativos portuários, dê a outras empresa o acesso à rede de armazenamento de 20 milhões de toneladas da GrainCorp na costa leste e se comprometa a investir em infraestruturas ferroviárias como parte do negócio.
'Nossa posição é de que os acordos atuais estão funcionando muito bem, e não pretendemos mudá-los', disse o presidente da unidade de grãos da ADM, Ian Pinner, que irá supervisionar a GrainCorp se o negócio for bem-sucedido. 'Nossa intenção é consolidar o sucesso da infraestrutura completa da GrainCorp - armazenamento, transporte e portos.'
Tradings globais se esforçaram para entrar no setor de grãos da Austrália na esperança de aproveitar a proximidade com a Ásia. Desde a dissolução da agência central de exportação do governo, em 2008, quase toda a infraestrutura de exportação do país caiu em mãos estrangeiras. Três empresas - ADM, Glencore Xstrata e Cargill - passariam a controlar cerca de 60% dos embarques de trigo da Austrália, caso o negócio de ADM e GrainCorp receba aprovação.
Apesar da presença de tradings globais no país, a infraestrutura de exportação da Austrália enfrenta dificuldades para atender a demanda, depois de décadas de baixo investimento. A Austrália vende ao exterior cerca de 70% de sua produção agropecuária e é o segundo maior exportador de trigo do mundo.
Pinner disse que a ADM está estudando como atualizar partes da infraestrutura da GrainCorp, e o resultado será divulgado em comunicado em breve. Mas ele argumentou que as redes ferroviárias com maior necessidade de investimento pertencem ao governo. Segundo o executivo, outras empresas terão acesso aos portos da GrainCorp se a compra for aprovada, mas não poderiam usar a rede de armazenamento. 'É uma realidade do nosso tempo que a agricultura seja uma operação global', disse Pinner. 'Achamos que os produtores australianos terão um negócio melhor, tanto com relação a preços como em termos de comércio e acesso aos mercados globais (se a aquisição se concretizar).' As informações são da Dow Jones


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