A proposta do novo marco da mineração encerra uma das principais divergências no cálculo dos royalties que culminou na disputa de 4 bilhões de reais entre a Vale e o Departamento Nacional de Produção Mineral (DNPM), órgão responsável pela arrecadação da taxa.
O DNPM
avalia que a mineradora deduziu incorretamente ao longo de vários anos 4
bilhões de reais do pagamento da Compensação Financeira pela Exploração de
Recursos Minerais (CFEM), ao descontar gastos com transportes, seguros e outros
itens da base de cálculo do royalty. Brechas na lei atual, subjetiva, segundo
as empresas, provocaram as deduções.
Pela
proposta apresentada nesta terça-feira pelo governo, as empresas deverão
calcular a taxa a partir do faturamento bruto, deduzidos apenas impostos. Até
então, o cálculo era realizado sobre uma base líquida, com descontos de itens
mal definidos, segundo representantes do setor e do próprio do governo.
Com a
nova regra, as empresas não poderão mais deduzir gastos com transporte do
pagamento de royalties da mineração.
O governo
federal divulgou nesta terça-feira detalhes do projeto de lei que vai enviar ao
Congresso, com o novo marco regulatório do setor.
VALE
A Vale
pagou até agora mais da metade do que provisionou para esta dívida bilionária
provocada por brechas na lei que deverão ser resolvidas no novo marco da
mineração.
A maior
produtora de minério do mundo pagou cerca de 750 milhões de reais ao governo
como parte da disputa relativa à cobrança, disse a companhia em um relatório ao
mercado norte-americano.
A empresa reconheceu parte
da dívida calculada pelo DNPM, ao informar, em setembro do ano passado, uma
provisão de 1,4 bilhão de reais para eventual pagamento de royalties. A questão
sobre a maior parte do valor discutido deverá ser resolvida na Justiça.
Além
de eliminar distorções, o novo cálculo dos royalties previsto pela proposta de
novo marco para a mineração prevê a possibilidade de elevar os royalties, um
pleito de municípios e Estados produtores afetados diretamente pela atividade
de mineração.
As
alíquotas para cobrança de royalties de mineração poderão variar de 0,5 a 4 por
cento do faturamento, informou o Ministério de Minas e Energia nesta
terça-feira, indicando que alguns minerais poderão ter redução de cobrança ante
os níveis atuais. As alíquotas serão definidas por decreto presidencial, após a
aprovação da lei no Congresso.
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