O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) prevê ampliar nos próximos anos em oito vezes os desembolsos para projetos de produção de fertilizantes, um dos setores mais deficitários da economia brasileira e que precisa de novos investimentos para reduzir a dependência externa.
A perspectiva é aumentar os financiamentos para projetos de produção dos
três ingredientes básicos utilizados pela indústria de fertilizante --potássio,
fosfato e nitrogênio-- da média atual de 250 milhões de reais ao ano para cerca
de 2 bilhões de reais em 2015, afirmou em entrevista à Reuters o gerente do
BNDES responsável pelos projetos de fertilizantes.
"O BNDES pode e tem tudo para ajudar o governo a estimular este
setor", afirmou o gerente de Departamento da Indústria Química, Vinícius
Samu, acrescentando que a projeção do aumento se baseia nas necessidades do
país e na onda "bem-vinda" de investimentos no setor.
O Brasil é quarto maior consumidor de fertilizantes do mundo, atrás
apenas dos Estados Unidos, Índia e China, mas importa mais de 60 por cento de
sua demanda por fertilizantes. No caso do potássio, o país é o terceiro maior
consumidor e as compras externas correspondem a cerca de 90 por cento da
demanda.
Segundo Samu, toda demanda do setor de fertilizantes que chegar ao banco
será atendida, desde que cumpridas as exigências e os limites de financiamento,
que normalmente variam de 60 a 90 por cento dos investimentos.
Atualmente, o segmento responde por apenas 10 por cento dos desembolsos
do BNDES para a indústria química, mas a parcela deverá chegar a 50 por cento
em 2015, previu o gerente do BNDES.
Empresas do setor de fertilizantes e do agronegócio se preparam para
produzir mais potássio a partir de projetos bilionários e esperam ter financiamento
de instituições como o BNDES.
É o caso da Verde Potash, que deve receber licença prévia ambiental
neste trimestre para o projeto Cerrado Verde, em Minas Gerais, com potencial de
produção de 3 milhões de toneladas anuais a partir de 2019 e investimento total
de 6 bilhões de reais. Na primeira fase, a Verde Potash planeja produzir 600
mil toneladas de potássio, com começo de operação em 2015.
A Potássio do Brasil, que tem entre seus sócios o banco de investimento
Forbes & Manhattan, pretende começar a produzir, entre 2017 e 2018, de 2
milhões a 4 milhões de toneladas de cloreto de potássio por ano, a partir de
uma mina no município de Autazes, em plena floresta Amazônica.
A Vale quer retomar dois projetos de potássio, um em Sergipe e outro no
Canadá, para compensar a suspensão de Rio Colorado, na Argentina, que estava
entre as prioridades da mineradora até ser considerado alvo de conjuntura
econômica desfavorável e incertezas políticas no país vizinho.
A segunda maior mineradora do mundo poderá acelerar Carnalita, no
Sergipe, e Kronau, no Canadá, que tinham perdido prioridade devido à
necessidade da empresa de enxugar investimentos e focar em ativos principais.
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