Famosa
pelo tempero à base de glutamato monossódico, a multinacional japonesa
Ajinomoto espera ampliar a receita de sua bem menos conhecida divisão de
agronegócios, que comercializa fertilizantes especiais - produtos que atuam
como vitaminas destinadas a aumentar a resistência das plantas a doenças e sua
nutrição.
A empresa
atua no segmento desde 1980, quando se descobriu que um derivado resultante da fabricação
do glutamato monossódico poderia ser usado para produzir adubos. Mas as vendas ganharam
fôlego nos últimos anos, impulsionadas pelo crescimento do mercado de nutrição vegetal
no Brasil.
Peter
Balluff, gerente da divisão de agronegócios da Ajinomoto, projeta que o
faturamento da unidade crescerá 10% em 2013, ritmo semelhante ao estimado para
o ano passado - os números finais serão fechados em março. Ao todo, a divisão
comercializa 16 produtos foliares (marca Ajifol) e dois sólidos. A empresa
trabalha com micronutrientes capazes de reduzir o estresse hídrico das plantas
e a perda de floração que prejudica os frutos e, consequentemente, a produção,
segundo Balluff.
O
executivo afirma que a aposta leva em conta a ainda baixa taxa de adoção desse
tipo de fertilizante no Brasil e o potencial de crescimento existente mesmo em
culturas em que a tecnologia já está disseminada - caso do
algodão, cuja taxa de adoção é de cerca de 80% e
poderia chegar a 85%
nos próximos anos.
Atualmente, o
segmento de fertilizantes responde por apenas 2% (cerca de R$ 38 milhões) do faturamento
da Ajinomoto no país, que totalizou R$ 1,9 bilhão em 2011. O setor de varejo e food
service ainda é o carro-chefe, responsável por 35% da receita anual. A empresa
atua ainda nos mercados de nutrição animal, cosméticos, farmacêuticos e
aminoácidos - área em que é líder global. Chamados de precursores de proteínas,
os aminoácidos são a base para uma série de produtos - no caso da Ajinomoto,
gerados a partir do processo de fermentação da cana-deaçúcar.
O foco é aumentar a
fatia dos fertilizantes na receita da companhia. "O objetivo é o crescimento
sustentado, contemplando a tecnologia dos aminoácidos. Temos perspectiva de grande
crescimento nos próximos anos, mas as condições externas são
fundamentais", pondera Balluff.
Com duas fábricas no
Estado de São Paulo - nos municípios de Limeira e em Laranjal Paulista-, a
Ajinomoto atua em praticamente todas as culturas, com destaque para soja e
milho. A empresa estima deter 70% do mercado de adubos para café na região do
Triângulo Mineiro e fatia semelhante no segmento de hortifrúti no Vale do Rio
São Francisco.
Dos investimentos
previstos para o período entre 2011 e 2013 - de R$ 290 milhões - R$ 15 milhões
foram destinadas a melhorias na unidade de fertilizantes de Laranjal Paulista,
com a otimização de geração de energia elétrica a partir do bagaço de cana.
O Brasil é hoje o
polo "desenvolvedor" da divisão de fertilizantes da multinacional,
que tem planos de abrir fábricas também em outros países. A produção brasileira
é toda absorvida pelo mercado interno. Além do Brasil, a Ajinomoto tem uma
unidade que fabrica esses produtos no Peru.
Entre 2004 e 2009, o
mercado brasileiro de fertilizantes especiais cresceu 27%, segundo a Associação
Brasileira das Indústrias de Tecnologia em Nutrição Vegetal, que agrega
empresas de fertilizantes orgânicos, biofertilizantes, adubos foliares,
substratos e condicionadores de solos. De 2009 até 2012, estimativas
preliminares apontam que o mercado cresceu entre 7% e
10% por ano, conforme
Gilberto Pozzan, diretor de fertilizantes foliares da Abisolo.
O mercado é
impulsionado pela necessidade de se aumentar a produtividade combinada com os
preços remuneradores das commodities agrícolas, que incentivam os investimentos
em tecnologia e a demanda por produtos mais sofisticados. "A perspectiva
para 2013 é positiva, com as tradings já fechando negócios", afirma
Pozzan. Presente em 26 países, com 107 fábricas no mundo, o faturamento global
da Ajinomoto em 2011 somou US$ 15,1 bilhões, com estimativa de US$ 15,26
bilhões no ano fiscal 2012.
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