MPT investiga se Vale usa sobreviventes na busca de desaparecidos em Brumadinho



Depois de passarem pelo trauma das perdas de parentes e amigos, os trabalhadores e sobreviventes do rompimento da barragem I da mina de Córrego do Feijão, em Brumadinho, teriam recebido uma função: ajudar nas buscar das 24 vítimas ainda desaparecidas. A denúncia feita por funcionários da Vale, ainda está sendo apurar pelo Ministério Público do Trabalho (MPT), que já instaurou inquérito para investigar a situação.

Segundo informações do Jornal O TEMPO, o Corpo de Bombeiro já confirmou que trabalhadores da mineradora atuam na área do resgate das vítimas operando máquinas e equipamentos na retirada de rejeitos. A corporação explicou que, quando um corpo é encontrado, os funcionários da empresa são retirados do local.

Mesmo não sendo responsáveis por recolher os restos mortais dos colegas de trabalho, os colaboradores da Vale se dizem abalado com a situação. Empregado da mineradora há 19 anos, Carlos Roberto Magalhães, 40anos, perdeu a mulher e primos na tragédia. Na reportagem disse que precisa caminhar sobre a área coberta por rejeitos todos os dias. “É uma situação desumana”, classificou.

Desde que ele voltou ao trabalho, há três semana, Magalhães, que atuam na usina de Minas, foi conduzido pela empresa para fazer reparos em máquinas pesadas e manutenção do sistema de iluminação na área de buscar. Ao saber que precisaria andar sobre a lama seca que ainda esconde corpos de amigos e de um primo, ele sentiu angustia e desolação. “Foi horroroso. Quase todos que ali estão eram meus amigos”, desabafou.

PENALIDADE
Segundo o MPT, que investiga a veracidade da denúncia, caso o trabalho esteja agravando os danos psicológicos provocados pela tragédia nos sobreviventes, a mineradora será multada. “Nós vamos avaliar se há comprometimento psicológico sobre essas pessoas. Se houver, será descumprido de acordo – já que a empresa se comprometeu a dar esse suporte aos empregados. A multa prevista nesse caso é de R$ 5 mil a R$ 50 mil por dia”, afirma o procurador do Trabalho, Geraldo Emediato, que coordena o grupo do MPT em Brumadinho.

DESVIO DE FUNÇÃO
A utilização dos trabalhadores nas ações de buscar das vítimas da tragédia em Brumadinho pode ser considerada pela Justiça um desvio de função. Os trabalhadores lesados que se sentirem lesados podem, inclusive, tentar obter indenização por danos morais. “O empregador não pode alterar a função do empregado. Sem conhecer todos os casos a fundo, posso dizer que, em tese, se uma pessoa é contratada para operar máquina na retirada de mineirio, ela tem um tipo de treinamento. Se ela vai buscar corpos, ela precisa estar apta para essa outra função”, afirma Conrado Di Mambro, Oliveira, advogado trabalhista e membro do Instituto dos Advogados.


fonte: informações com dados do jornal "O TEMPO"

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