Ex-presidente da Vale não comparece à CPI sobre desastre de Brumadinho



O ex-presidente da Vale Fábio Schvartsman (foto) não compareceu à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) sobre o desastre de Brumadinho, realizada na Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG),ontem (6). Com a ausência do principal convidado, os deputados que integram a CPI ouviram dois especialistas independentes. Um deles é o arquiteto Paulo Masson, que apresentou um estudo de geomonitoramento da barragem.
O executivo, responsável pela mineradora quando a barragem da Mina Córrego do Feijão se rompeu, conseguiu um habeas corpus que o livrou de prestar depoimento. O argumento usado pela defesa de Schvartsman é que ele já foi ouvido por várias instâncias e colabora com as investigações. Conforme o documento, as imagens de satélite compiladas nos últimos 10 anos mostram que, em vários momentos, a barragem apresentava água empossada.

Analise da Comissão
Para o deputado André Quintão (PT), relator da CPI, a situação pode ser um dos motivos para o rompimento da barragem. “A Vale não adotou o princípio da precaução e causou a morte de quase 300 pessoas devido à sua irresponsabilidade em adotar medidas preventivas em uma barragem que já demonstrava instabilidade”, declarou o parlamentar. 
O estudo também traz fotos que revelam que tanto o volume de água da barragem aumentou, ao longo do tempo, quanto a população no entorno. “As imagens são impressionantes e mostram que a Vale sabia do risco de rompimento”, observou o deputado João Victor Xavier (PSDB).

Explicação dos técnicos
Apesar das conclusões tiradas pelos dois parlamentares, o responsável pelo estudo não afirmou que a barragem apresentava excesso de água ou que isso seria determinante para o rompimento. “As imagens mostram que a mineradora tentou drenar a água e resolveu algum problema”, colocou Paulo Masson. 
Durante a sessão, o geólogo Paulo Teixeira da Cruz também foi ouvido e disse que “barragens estão sujeitas a acidentes”. Para ele, as tragédias envolvendo este tipo de estrutura servem de lição para evitar novos desastres. “Mas, infelizmente, os acidentes no Brasil envolvendo barragens têm aumentado”.

Nota da Vale
Em nota, a Vale informou que as causas do rompimento ainda estão sendo investigadas. "Os piezômetros que monitoravam a Barragem I ao longo do tempo mostravam que o nível de água estava se reduzindo dentro da estrutura, o que foi registrado em relatório de auditoria externa. A estrutura também passou por inspeções em 8 de janeiro e 23 de janeiro de 2019, com registro no sistema de monitoramento da Vale e cadastro no sistema da Agência Nacional de Mineração. Em nenhuma dessas inspeções foi detectada alteração no estado de conservação que expusesse situação de risco iminente de ruptura da estrutura", declarou a empresa por meio de nota.
 As oitivas na CPI têm previsão de durar até o dia 14 de junho, Depois da conclusão do relatório, ele será  encaminhado às autoridades judiciais.

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