Quem conhece o texto desaprova a reforma, explica a dra. Tônia


A mais recente pesquisa da CNT (Confederação Nacional dos Transportes) mostra que a maioria dos brasileiros reprova a reforma da Previdência, nos termos em que foi chancelada pela Câmara dos Deputados. A advogada Tônia Galleti, especialista no assunto previdenciário, resume a rejeição: "Quem conhece, não aprova".
 

Publicada segunda, dia 26, a pesquisa aponta que 59,01% são contra a reforma; 40,99% estão favor. A diferença é de quase 20 pontos. Apesar da maciça propaganda governamental e dos esforços da mídia amiga do Governo Federal, a reforma neoliberal não convence os brasileiros.
 

Advogada do Sindicato Nacional dos Aposentados da Força Sindical (Sindinapi) e professora da FGV-SP, a dra. Tônia foi entrevistada pela Agência Sindical. Ela comenta a PEC 06/2019, que agora tramita no Senado.
 

Principais trechos da entrevista:
 

Propaganda - “Governo e a grande mídia desencadearam uma forte campanha, tentando passar a ideia de que a reforma previdenciária é uma espécie de panaceia, a partir da qual o Brasil voltará a crescer, criar empregos e muitos dos nossos problemas se resolverão. E não é assim. Essa propaganda toda omite a verdade”.
 

Arrocho - “A reforma tem várias maldades. O que eu considero mais grave é a perda na renda. A aposentadoria tem entre seus objetivos manter o padrão da renda oriunda do trabalho. Mas isso vai piorar muito. A mudança nas regras de cálculo reduzirá o valor das futuras aposentadorias em cerca de 60% do que se recebe hoje. Com isso, cai por terra um princípio caro à Previdência, que é garantir ao aposentado seu padrão de renda originada do trabalho. Nem sempre a vida de quem se aposenta fica mais cara. Mas tende a ficar. Portanto, a pessoa terá uma vida mais cara, ganhando menos”.
 

Informação - “O sindicalismo, as demais entidades de classe, os setores progressistas da sociedade, segmentos religiosos e outros, que tenham relação com o povo mais pobre, precisam informar suas bases sobre os retrocessos e as perdas. Muita gente não sabe que, para atingir o pico da média, mesmo uma média mais baixa que a atual, teremos que contribuir por 40 anos. Se as pessoas souberem disso, e de outros problemas que a PEC 06 acarreta, elas ficarão contra essa reforma”.
 

Privilégios - “Continuaremos a conviver com aposentadorias de R$ 40 mil, de R$ 50 mil e assim por diante. Pior. Haverá arrocho porque a política de valorização do salário mínimo não foi mantida. Esse arrocho na base será brutal para os aposentados, mas atingirá também a imensa maioria dos municípios brasileiros, cuja economia depende muito da renda dos aposentados e dos benefícios previdenciários”.
 

A dra. Tônia Galetti também alerta sobre o fim da aposentadoria especial pra quem exerce funções inseguras ou trabalha em locais insalubres. “Isso atinge os trabalhadores, que, em regra, é gente de renda baixa. Porém, há muita confusão nisso, levando muitos a pensarem que toda aposentadoria especial é privilégio”.

Para a advogada, preocupa ainda a possibilidade da capitalização. “É o que prometem, após aprovação no Senado”, ela afirma.

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