Vale corta segunda parcela de dividendos pela metade

A diretoria da Vale propôs o pagamento de US$ 500 milhões em dividendos aos acionistas, representando metade do valor anunciado em 30 de janeiro. Segundo a mineradora, o montante menor reflete o cenário "mais incerto para os preços de commodities minerais e o foco da companhia na preservação de seu balanço". A expectativa é que a proposta seja bem recebida pelo mercado.

A Vale já distribuiu a primeira parcela de US$ 1 bilhão em dividendos aos acionistas em 30 de abril. Se o montante da segunda parcela for aprovado pelo conselho, a Vale vai distribuir US$ 1,5 bilhão aos acionistas em 2015, abaixo dos US$ 2 bilhões previstos anteriormente. Mesmo assim, o dividendo mínimo de 25% do lucro líquido ajustado deve ser apurado ao fim do ano.
Entre os investidores, existe a visão de que o ideal, no atual cenário de preços deprimidos para as commodities, seria a Vale reduzir ou até mesmo suspender o pagamento da segunda parcela do dividendo deste ano para preservar a situação do fluxo de caixa da companhia. A diretoria da companhia optou por uma solução intermediária: reduziu o dividendo mínimo, mas não cortou totalmente a segunda parcela.
A decisão surpreende pois até hoje era tradição da Vale cumprir o pagamento do dividendo anunciado no começo de cada ano. Mas em recente entrevista, o presidente da Vale, Murilo Ferreira, reconheceu que as condições de mercado haviam mudado. Um dia depois da fala de Ferreira, o Bank of América Merrill Lynch divulgou relatório indicando que a Vale poderia alterar o pagamento da segunda parcela dos dividendos de 2015.
A distribuição prevista de US$ 1,5 bilhão de dividendos para o ano representará uma queda de 64% em relação ao total de US$ 4,2 bilhões pagos em proventos pela mineradora em 2014. Em 2013, o desembolso havia sido de US$ 4,5 bilhões, já menor que os US$ 6 bilhões pagos em 2012.
Ao fim de junho, a dívida líquida da Vale em dólares, de US$ 26,2 bilhões, representava 2,92 vezes seu lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda) acumulado em 12 meses. Um ano atrás, esse índice estava em 1,12 vezes.
O conselho vai discutir a proposta da diretoria em uma reunião em 15 de outubro. Se aprovada, o desembolso será feito em 30 de outubro, correspondendo US$ 0,097 por ação ordinária ou preferencial em circulação. Os dividendos serão distribuídos com base na posição acionária de 15 de outubro.
Na visão de analistas, a mudança no valor do dividendo exigiu negociações com os acionistas, em especial com a Previ, fundo de pensão que faz parte do grupo de controle da Vale e é um dos principais acionistas da mineradora. Para os analistas, a Previ conta os dividendos da Vale para fazer frente aos seus compromissos com os aposentados do Banco do Brasil.
Para 2016, existe ainda a possibilidade de que a Vale venha a não pagar dividendos aos acionistas uma vez que a empresa vai continuar comprometida com altos investimentos em seus projetos prioritários e as condições de preços do minério de ferro não devem se alterar de forma significativa.
A mineradora marcou para o dia 22 de outubro, antes da abertura do mercado, a divulgação dos resultados financeiros do terceiro trimestre. O relatório de produção da companhia no período será divulgado no dia 19 de outubro, também antes da abertura do mercado. A mineradora marcou duas teleconferências para o próprio dia 22. O primeiro, em português, está marcado para as 10 horas. O segundo, em inglês, acontece às 12 horas.

Fonte: Valor Econômico 

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