Risco em barragens deixa 1.105 pessoas fora de casa em Minas Gerais

O risco de ruptura da barragem Sul Superior, em Barão de Cocais (MG), faz com que 457 pessoas estejam fora de suas casas. O dado atualizado, fornecido hoje (28) pela Vale, reafirma a cidade como a mais afetada pelas evacuações que têm sido realizadas em Minas Gerais desde a tragédia de Brumadinho (MG), em 25 de janeiro.

Em todo o estado, estão sem acesso às suas residências 1.105 moradores de cinco municípios: Brumadinho, Nova Lima, Ouro Preto, Rio Preto, além de Barão de Cocais. As informações são da Agência Brasil.

Na última terça-feira (25), completaram-se cinco meses do rompimento da barragem da Vale que deixou mais de 200 mortos em Brumadinho. Desde a tragédia, dezenas de estruturas da mineradora em Minas Gerais foram paralisadas, na maioria das vezes por determinações da Justiça, que atendeu pedidos do Ministério Público de Minas Gerais (MPMG) realizados com base em documentos que colocam em questão a segurança das barragens.

Decisões da Agência Nacional de Mineração, da Secretaria de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável de Minas Gerais e até mesmo da própria Vale também culminaram em interdições de estruturas. Em diversos casos, a interrupção das atividades tem sido acompanhadas pela evacuação de comunidades do entorno. Isso ocorre quando o nível de segurança da estrutura alcança 2 ou 3, índices associados ao risco de rompimento.

RISCO IMINENTE
Situada na Mina de Gongo Soco, a barragem Sul Superior é uma das quatro que estão em nível 3, que significa risco iminente de ruptura. Uma tragédia com a estrutura afetaria novamente a bacia do Rio Doce, que foi impactada em 2015 a partir do rompimento de uma barragem em Mariana pertencente à Samarco, uma joint-venture da Vale e da BHP Billiton.

No mês passado, a Vale chegou a dar como certo o rompimento do talude de uma cava da Mina de Gongo Soco. Também admitiu a possibilidade de que as vibrações provocadas no episódio funcionem como um gatilho para a ruptura da barragem Sul Superior. A distância entre as duas estruturas é de 1,5 quilômetro.

O talude é um plano de terreno inclinado, isto é, um tipo de paredão que cerca a cava. A ruptura na Mina de Gongo Soco, que foi prevista inicialmente para ocorrer até 25 de maio, ainda não aconteceu. Posteriormente, a mineradora minimizou os riscos afirmando que a tendência é um deslizamento para dentro da cava sem maiores consequências.

A situação segue em monitoramento. O boletim divulgado na manhã de hoje (28) pelo Corpo de Bombeiros de Minas Gerais indicou que a estrutura se deslocava a 43,2 centímetros por dia. Para efeito de comparação, essa velocidade era de 24,3 centímetros por dia em 30 de maio, véspera do dia em que uma pequena parte do talude, de 600 metros quadrados, se desprendeu e deslizou para dentro da cava. O paredão tem cerca de 96 mil metros quadrados.

INTERVENÇÕES

A Vale vem realizando obras para minimizar os efeitos do possível rompimento. Vias estão sendo abertas para criar novas rotas de fuga e evitar que a população de alguns bairros fique ilhada.

Também está em construção um muro de 35 metros de altura e 307 metros de comprimento para conter os rejeitos que eventualmente vazem da estrutura. Além disso, em julho devem ser concluídas obras de contenção em blocos de granito. Em outubro, devem ser entregues uma bacia de retenção com capacidade para 3 milhões de metros cúbicos que está sendo escavada e um canal que conduzirá a lama até esse reservatório.

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