O dia 25 de julho foi marcado pela lembrança da tragédia que atingiu a cidade de Brumadinho, em Minas Gerais. Há seis meses, a barragem da Mina Córrego do Feijão, da mineradora Vale, se rompeu deixando 248 mortos e 22 desaparecidos até o momento. No dia que marcou seis meses do desastre, familiares e amigos de vítimas se reuniram em uma homenagem aos mortos em frente ao letreiro da cidade nesta quinta-feira (25).
O governador do Estado, Romeu Zema (NOVO), também esteve na cidade para um balanço de ações pós-tragédia. Ele anunciou o repasse de 50% da multa de R$ 100 milhões por danos ambientais e humanos paga pela Vale à Minas Gerais para o município atingido por meio de obras viárias.
Zema disse que atuará para não deixar que Brumadinho tenha o mesmo destino de esquecimento de Mariana. Ele afirmou que a mineração continuará sendo atividade importante no Estado. “O sustento de milhares de famílias dependem dessa atividade, mas o que nós estamos fazendo é, essa atividade, vai continuar existindo em Minas e vai ser segura e também vai ser ambientalmente responsável. Eu serei o último governador do estado que enfrenta esse tipo de tragédia.”
Ele também se disse solidário às milhares de vítimas e agradeceu ao trabalho do Corpo de Bombeiros. Além da participação do governador, a celebração contou, ainda, com uma pequena missa ecumênica, música e poesia. A ideia dos organizadores foi lembrar a injustiça da tragédia, mas também dar motivação para os familiares em luto seguirem em frente.
Kenia Lamunier perdeu o marido, Adriano, na data. Ele era técnico em planejamento da mineradora. Para ela, a justiça pela morte do marido só será feita com a condenação de executivos da empresa. “É revoltante para a gente saber que tudo isso que estamos vivenciando poderia ser evitado. Tudo. A gente não precisaria estar passando por isso. A Vale é um CNPJ, mas tem CPF por trás disso aí. Tem pessoas que sabiam que isso iria acontecer, com certeza. Tá tudo muito claro. Vamos ver se a Justiça consegue olhar isso”, disse.
Roberta Rocha ainda está com o marido desaparecido, o técnico em operações da Vale, Luciano de Almeida Rocha. Ela afirma que encontrar o corpo do marido e ver a justiça sendo feita amenizaria a dor. “Eu não tive nada ainda, não tive luto. Não tenho direito a um luto, tenho direito a um vazio. Há seis meses eu acordo com um vazio no peito e não tenho luto. Hoje não é um enterro digno, mais. Você enterrar um pedaço da pessoa não é digno. Destruíram tudo o que a gente tinha, a gente vive as horas, agora, não mais os dias. Os dias acabaram”, conta.
*Com informações da repórter Victoria Abel, da Jovem Pan
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