Metalúrgicos e químicos debatem benefícios e riscos da nanotecnologia


A utilização das nanopartículas na indústria foi o tema da quarta edição do Ciclo de Debates ‘O ABC da Indústria 4.0’, promovido pelo Coletivo de Políticas Industriais do Sindicato, ontem, no Sindicato dos Químicos do ABC, em Santo André.

A nanotecnologia, aplicada na indústria brasileira desde o início dos anos 2000 em diversas áreas como a eletrônica, cosméticos, roupas e até no campo, ainda apresenta pouca clareza sobre os impactos na saúde de quem usa e manuseia os produtos e no meio ambiente, o que preocupa os sindicatos.

“É importante os metalúrgicos estarem atentos às transformações no mundo do trabalho. Fazer essa atividade com os Químicos do ABC é uma forma de aproximar os trabalhadores que são afetados pela Indústria 4.0 nos diversos segmentos”, ressaltou o integrante do Coletivo, Gilberto da Rocha, o Amendoim, que mediou o debate.

O secretário-geral do Sindicato dos Químicos do ABC, Paulo José dos Santos, o Paulão, apresentou o surgimento, os conceitos básicos e destacou a importância de o tema ser constantemente discutido pelo movimento sindical, que cinco anos após o surgimento da nanotecnologia na indústria brasileira, já realizava congressos para debater os impactos na saúde do trabalhador.

“Esse é um tema muito importante, mas às vezes a gente acaba não se dando conta da utilização dessas tecnologias. Precisamos saber como a nanotecnologia pode nos ajudar e também nos prejudicar”.

O dirigente lembrou que o segmento químico é um dos que mais utiliza a nanotecnologia, nas empresas petroquímicas, de plásticos, farmacêuticas e de tinta, de como ela pode eliminar empregos e destacou a nanotoxicologia.

“Com a utilização das nanopartículas os materiais se tornam mais resistentes, duráveis e maleáveis. As nanopartículas utilizadas na indústria de vidro, por exemplo, repelem a sujeira do vidro dos carros, eliminando a necessidade de limpador de parabrisa, o que tira postos de trabalho de quem produz a peça. Nossa preocupação não é só com a tecnologia e a saúde, mas também com a preservação dos empregos”, ressaltou.

O economista do Dieese, Thomaz Ferreira Jensen, destacou que os sindicatos precisam discutir uma transição justa em tudo o que diz respeito à Indústria 4.0, inclusive a nanotecnologia.

“Nosso principal desafio é garantir que todos precisam ser protegidos, tanto os trabalhadores que ocuparão novas funções, quanto os que terão suas funções eliminadas. O ponto de partida é o acesso à informação, todos os que estão expostos a riscos têm direito à informação”.

Thomaz lembrou que a Federação dos Químicos propôs, em 2008, uma cláusula na Convenção Coletiva de Trabalho sobre o risco da nanotecnologia. Na época não foi possível estabelecer a cláusula, mas conseguiram uma recomendação para que o tema fosse discutido pelos membros da CIPA nas Semanas Internas de Prevenção de Acidentes.

“Hoje não existe uma indústria química ou metalúrgica de vanguarda que não esteja envolvida ou incorporando a nanotecnologia”, completou.

O pesquisador da Fundacentro, Jorge Marques Pontes, explicou que ainda não existem pesquisas que comprovem os efeitos nocivos da nanotecnologia, mas destacou que o trabalhador é o mais exposto, já que está envolvido em todas as etapas do processo.

“O trabalhador está exposto em todo o ciclo, na extração, produção, transporte de manufatura, consumo e descarte. Essas etapas envolvem inalação, ingestão e contato dérmico com as nanopartículas. É preciso estudar qual o impacto que isso causa, para minimizar e eliminar os riscos e proteger essas pessoas”.

Fonte: Mundo Sindical

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