Vale tem prejuízo na ordem de 74,3 % no ano de 2012



Prejuízo da mineradora no quarto trimestre chega a R$ 5,6 bi. Ganho líquido passa de R$ 37,8 bi para R$ 9,7 bi

Pressionada pela queda dos preços de minérios e metais – à exceção do ouro – no mercado internacional no ano passado, especialmente do minério de ferro, seu principal negócio, a Vale registrou prejuízo de R$ 5,628 bilhões no quarto trimestre de 2012. O resultado considera os efeitos de despesas não recorrentes lançadas no balanço da companhia, em razão de depreciação de ativos, efeitos de câmbio e perdas monetárias. Por esse critério, foi o primeiro resultado trimestral negativo verificado desde o período de julho a setembro de 2002. No ano, os mesmos efeitos contábeis ajudaram a reduzir em 74,3% o lucro líquido, que foi de R$ 9,734 bilhões, ante R$ 37,814 bilhões em 2011.

Segundo estudo da consultoria Economatica, o lucro acumulado foi o menor desde 2004 e o prejuízo trimestral analisado o maior já apurado pela mineradora. Segundo o relatório divulgado pela companhia no início da noite de ontem, os ajustes contábeis não afetam “o resultado financeiro real” da Vale. No critério do chamado lucro básico, que exclui os efeitos contábeis, o quarto trimestre apresentou lucro de R$ 4,102 bilhões e no ano o resultado foi de R$ 22,182 bilhões, ainda assim 43,4% menor que a cifra de R$ 39,169 bilhões de 2011. Ao comentar os números, o presidente da mineradora, Murilo Ferreira, destacou o lado positivo do resultado de um ano que tem chamado de desafiador e reafirmou a política de restrição e seletividade de investimentos para 2013, com base no retorno que eles tenham capacidade de dar aos acionistas e na importância para os negócios de maior peso da mineradora.

A estratégia repete a de 2012, embora o executivo tenha afirmado esperar cenário mais alentador neste ano. “Para 2013, contamos com um mercado menos volátil e demandando mais matérias-primas”, disse Murilo Ferreira. No ano passado, a Vale investiu US$ 17,729 bilhões, montante que representou uma redução de 17,2% frente ao orçamento aprovado, de US$ 21,411 bilhões. “Estamos muito focados na eficiência e num controle rigoroso de custos”, justificou Ferreira.

SELEÇÃO A companhia estabeleceu como prioridade alocar capital em segmentos como o de minério de ferro e carvão. A ordem é dedicação especial ao projeto de expansão das reservas de Carajás, no Pará, o projeto S11D, orçado em R$ 40 bilhões, o maior na história da Vale, além da exploração de carvão de Moatize, em Moçambique, na África. A despeito da queda dos preços do minério de ferro no mercado internacional em 2012, a demanda chinesa deve continuar ativa e o país dá sinais de um desempenho saudável, para o diretor-executivo de Ferrosos e Estratégia da mineradora, José Carlos Martins. “A China não nos tira o sono”, afirmou.

A piora do resultado da Vale não surpreendeu, diante das previsões dos analistas do setor. Na avaliação de Pedro Galdi, analista chefe da SLW Corretora, a curto prazo as dificuldades persistem, mas há sinais de melhora do cenário neste ano. A ação Vale 5, papel preferencial da companhia, amargou perdas de 15% neste bimestre . “O ano começou em melhores condições. Por mais que a China não cresça 11%, vai crescer 7,5%”, disse Galdi. Quanto aos preços do minério de ferro, a volatilidade deve continuar, no entanto a cotação média de janeiro e fevereiro alcançou US$ 150 por tonelada, ante a média de US$ 130 no ano passado. No lado positivo do balanço destacado pela Vale, houve uma redução de despesas gerais e administrativas de 5% em 2012, sendo 30% no quarto trimestre, frente a idêntico período de 2011.

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