O
polêmico Projeto de Lei 4330/04, que regulamenta a terceirização da mão de obra
no país, irá direto para o plenário da Câmara dos Deputados, sem passar pela
Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), decidiram ontem sindicalistas,
deputados interessados no projeto e o
presidente
da Câmara, Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN).
Pelo
acordo feito, será votado um requerimento de urgência regimental no dia 18.
Essa urgência faz com que o texto vá direto para a pauta do plenário, sem
precisar ser aprovado pelas comissões. Não há, porém, prazo que ocorra a
votação do PL em plenário, cuja pauta está trancada por três projetos em regime
de urgência constitucional - que têm prioridade sobre a regimental - e duas
medidas provisórias. O texto ainda tem que passar pelo Senado antes de ir à
sanção presidencial.
O
presidente da CCJ, deputado Décio Lima (PT-SC), afirmou que o acordo permitiu diminuir
a tensão no colegiado. A reunião de terça-feira foi cancelada depois de um
confronto
entre integrantes de centrais sindicais e a polícia, que tentava impedir a entrada
dos manifestantes no prédio da Câmara, e os sindicalistas ameaçavam novo protesto
ontem, quando foi costurado o compromisso de levar o texto direto ao plenário.
"Não
fazia sentido interromper a pauta da CCJ até o fim do ano e deixar de votar
outras matérias importantes. Os dois lados ameaçavam obstruir as reuniões, um
pressionando
contra
o projeto, o outro para que fosse votado, em um clima muito tensionado que poderia
resultar em algo pior", afirmou Lima.
A
decisão foi comemorada pelos parlamentares favoráveis ao projeto e pelos contrários.
Relator da proposta na CCJ, deputado Arthur Maia (PMDB-BA), afirmou que a
urgência
vai
fazer com que o PL tramite mais rápido. "Isso queima a etapa da CCJ",
disse, na expectativa de que o acordo seja cumprido. "Se não aprovar a
urgência no dia 18, PMDB e
PSD
vão obstruir a pauta da CCJ", alertou.
O
deputado Assis Melo (PCdoB-RS), integrante da Central dos Trabalhadores do
Brasil (CTB), afirmou que a votação em plenário dará mais tempo para discutir o
texto do
projeto
e tentar alterar a versão final. No dia 18, antes de votarem o requerimento de urgência,
será feito um debate sobre o tema no plenário.
As
centrais tentarão focar as mudanças no PL em dois itens: a permissão para que
se terceirize as atividades-fim, ou seja, aquelas para as quais a empresa foi
criada, e o impedimento para que o sindicato da categoria preponderante, que é
mais forte e em tese obtém os melhores acordos coletivos, represente os
trabalhadores que forem terceirizados.
Segundo
Maia, o artigo sobre a representação sindical foi
retirado
porque é inconstitucional. Já a terceirização da atividade-fim, dizem os
defensores do projeto, é
uma
tendência mundial, como as multinacionais que contratam empresas de outros países
para baratear seus custos.
O
projeto, disse Maia, vai atender aos mais de 12 milhões de trabalhadores
terceirizados, ao garantir os mesmos benefícios dos empregados no regime de
CLT, como férias remuneradas e 13º salário, além de obrigar que as empresas
façam uma poupança para pagar os direitos trabalhistas em caso de falência.
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