Fonte: Jornal Agora/Rio Grande
A manhã da ultima quarta-feira,11, foi tumultuada em frente à
Bunge Alimentos, devido a um impasse entre o
Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias da Alimentação do Rio Grande,
que representa os trabalhadores e a gerência da empresa. O Ministério do
Trabalho foi chamado no local e acabou autuando a empresa por crime de
desobediência ao manter trabalhadores em jornada excessiva de trabalho.
A
empresa e o sindicato vinham tratando da pauta de reivindicações dos
trabalhadores relativa à data base da categoria, que é em junho, mas não
chegaram a um acordo. A Bunge oferece apenas percentual de reajuste, enquanto a
categoria quer também melhores condições de trabalho, segundo Reginaldo
Silveira, presidente do sindicato. Em função disso, foi marcada assembleia
geral da categoria para ontem às 17h30min, na qual seria discutida proposta de
estado de greve.
Silveira
disse que, a partir da divulgação da assembleia, a empresa passou a pressionar
os funcionários e a orientá-los a votarem contra o estado de greve e a favor da
proposta da firma. Os trabalhadores teriam pedido ajuda ao sindicato que, por
isso, na madrugada de ontem, junto com representantes de outras entidades, foi
para a frente da empresa "para
conversar com os trabalhadores e pedir à Bunge para não fazer isso".
Depois, decidiu fazer uma assembleia no local.
No
entanto, a empresa não liberou os funcionários do turno da noite, que deveriam
sair às 6h, porque os do turno da manhã não entraram devido ao piquete. O
sindicato chamou o Ministério do Trabalho.
O auditor fiscal do Trabalho, Antônio José Mendes, disse ter entrado na
empresa, conversado com o gerente da Bunge Alimentos e orientado ele a liberar
os trabalhadores que tinham terminado o turno, mas ele alegou que não poderia
parar as máquinas, as caldeiras, e que o sindicato estava bloqueando a entrada
e saída da firma. A Polícia Federal chegou a ser chamada no local pelo fiscal,
porém não adotou nenhuma medida porque não ficou caracterizado trabalho
escravo.
Reginaldo
Silveira relatou que a situação foi normalizada a partir do início da tarde,
com a liberação dos trabalhadores que estavam dentro da empresa e também do
pessoal que atua no turno da manhã e estava do lado de fora. No final da tarde,
na assembleia, a maioria dos 72 trabalhadores participantes aprovou estado de
greve.
A
empresa
Por
meio de sua assessoria, a Bunge Brasil informou que os funcionários do turno da
noite da unidade do Rio Grande, que deveriam ter deixado a empresa às 6h da
manhã, foram liberados e informados individualmente da ocorrência da ação
sindical na porta da fábrica. "A decisão de sair ou não da unidade coube a
cada funcionário. Alguns saíram e outros, por questões de segurança,
permaneceram no local. Ao longo de toda a manhã, representantes do sindicato
estavam na porta impedindo a passagem e intimidando os funcionários do novo
turno, dispostos a entrar para trabalhar", frisou.
A
empresa acrescentou ainda que as negociações transcorreram com apoio da Polícia
Militar. E que "a Polícia Federal, chamada ao local pelo Ministério do
Trabalho, esteve na unidade e constatou que não havia nenhuma evidência de que
os funcionários foram impedidos de sair da empresa". Segundo a Bunge, por
volta das 15h a fábrica retomou as operações. A Bunge informou ainda que está
há meses em negociações com o sindicato da categoria, avaliando as propostas de
forma aberta e transparente, tentando o consenso com os líderes da entidade e o
prosseguimento das negociações.
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