Pela previsão para o piso,
reajuste real será de 2,8% ao ano, ante 5,5% com Lula e 4,7% com FHC
Cálculo para o mínimo leva
em consideração inflação acumulada e o crescimento da economia de 2 anos antes
Com o reajuste
recém-programado no projeto de Orçamento de 2014, o salário mínimo acumulará,
no governo Dilma Rousseff, a menor valorização desde o Plano Real.
Tema caro politicamente à administração
petista, a estratégia de aumento do poder de compra do mínimo foi comprometida,
nos últimos anos, pela freada da economia do país.
Pelas previsões oficiais, o
piso salarial será elevado dos atuais R$ 678 para exatos R$ 722,90 em 1º de
janeiro de 2014, no último aumento do atual mandato presidencial.
Ainda que o valor seja
arredondado, o ganho não deverá superar em muito mais de 0,9% a variação do
INPC --índice de inflação que é referência para o mercado de trabalho-- neste
ano.
Com isso, o salário mínimo
fechará o governo Dilma com aumento real (acima da inflação) de 11,9%,
equivalente a uma média anual de 2,8%.
São números bem mais
modestos que os celebrados pela presidente em sua campanha eleitoral, em 2010,
quando o PT destacava, às vezes com números inflados, as conquistas dos anos
Lula.
Considerados os reajustes
anuais concedidos, com o desconto da inflação acumulada desde o aumento
anterior, o antecessor de Dilma elevou o mínimo em 53,5% ao longo dos dois
mandatos --o equivalente a 5,5% ao ano.
Ainda assim, ficou longe da
promessa, feita em sua primeira campanha vitoriosa ao Planalto, de dobrar o
poder de compra do mínimo em apenas quatro anos.
Mesmo o tucano FHC, que não
adotou políticas nem metas de valorização, presidiu um ganho real de 44,5%
(média de 4,7% ao ano) do piso salarial, que era de meros R$ 70 em 1994, no
lançamento da atual moeda.
Durante o tucanato (1995 a
2002), os dois maiores reajustes foram concedidos mais por pressão do Congresso
Nacional do que por iniciativa do Executivo, em 1995 e 2001.
REGRA
DO PIB
A primeira regra para os
aumentos do mínimo em tempos de inflação sob controle só foi estabelecida no
segundo mandato de Lula --e acabou prejudicando depois os números de Dilma.
Pelo mecanismo, os valores
passaram a ser corrigidos pelo INPC acumulado, mais um ganho real equivalente
ao crescimento da economia de dois anos antes.
Lançada como parte do PAC
(Programa de Aceleração do Crescimento), essa política tinha entre seus
objetivos mostrar aos investidores que as contas do governo estavam sob
controle.
Assim, as despesas
vinculadas ao mínimo --Previdência, seguro-desemprego e outras-- não cresceriam
muito acima das receitas do governo, que também acompanham a evolução do PIB.
Não foi difícil costurar um
acordo com as centrais sindicais em torno dessa regra porque o país vivia, na
época, um período de aceleração do crescimento econômico.
Sob Dilma, no entanto, a
expansão do PIB minguou. A menos que haja uma mudança na legislação, a
presidente terá de estender ao mínimo, no ano em que disputará a reeleição, o
pior resultado do PIB em sua gestão.
O maior reajuste do mandato
da presidente foi o do ano passado, resultado do último e melhor resultado da
economia no governo Lula.
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