Apesar
da alta do dólar, os preços domésticos da
grande parte dos fertilizantes utilizados pelos produtores brasileiros
estão mais baratos em reais agora do que há um ano. Para a maioria dos
nutrientes - a principal exceção é a ureia -, a redução dos preços internacionais se sobrepôs à
valorização da moeda americana e garantiu relações de troca ainda favoráveis
aos agricultores - mesmo que menos vantajosas,
em razão da queda das commodities
em geral.
Os
preços globais desses insumos caíram em linha
com o recuo de commodities como soja, milho, café e açúcar. No longo prazo, a tendência também é de queda,
por conta de investimentos em curso para a ampliação de capacidades de produção
em diversos países. Dirk Jan Kennes, estrategista global de insumos do
Rabobank, destaca que os aportes são particularmente expressivos na área de
derivados do nitrogênio, que com fosfato e potássio forma o tripé básico para a
produção de adubos.
Em Sorriso (MT), maior município produtor de soja do
Brasil, a tonelada do cloreto de potássio caiu de R$ 1.406,94, em agosto de
2012, para R$ 1.319,03 no mês passado, conforme o Centro de Estudos Avançados
em Economia Aplicada (Cepea/USP). O MAP (fosfato monoamônico) recuou 3%, para
R$ 1.592, mas a ureia subiu 5,4%, para R$ 1.310,15. Segundo Mauro Osaki,
pesquisador do Cepea, a ureia também caiu no exterior, mas a alta do dólar foi
proporcionalmente maior.
Mesmo com o recuo dos preços em reais dos nutrientes, os
custos em Mato Grosso para o plantio de soja nesta safra 2013/14, que terá
início em 15 de setembro, estão mais altos. Isso porque o volume por hectare
usado pelos agricultores deverá crescer, conforme Otávio Behling, analista de
custo de produção do Instituto Mato-Grossense de Economia Agropecuária (Imea),
ligado à federação da agricultura e pecuária do Estado (Famato).
Segundo o Imea, o custo total dos fertilizantes para o
plantio da soja em 2013/14 chega a R$ 646,92 por hectare, ante R$ R$ 518,05 em
2012/13 - um aumento de 24,8%. Os custos com macronutrientes subiram 23,78%,
enquanto com micronutrientes o incremento foi de 55,92%. Conforme Behling, o
crescimento do uso de derivados de fósforo será da ordem de 10%; no caso dos
potássicos, de cerca de 5%. Os fretes maiores para levar calcário para o
Centro-Oeste também influenciam o aumento do custo.
De acordo com informações do Cepea, em Luís Eduardo
Magalhães, no oeste da Bahia, entre 73% e 75% dos produtores encerraram a
aquisição de adubos para 2013/14 até agosto, contra quase 90% no mesmo mês de
2012. No Paraná, o percentual ficou próximo de 86%, em Rio Verde (GO) perto de
90% e, em Mato Grosso, a compra está praticamente encerrada. No Estado,
conforme o Imea, até julho 91% do volume de insumos para a safra já estava
definido, mas no mesmo intervalo de 2012 - quando o preço da soja estava mais
elevado - eram 100%.
Se o preço em dólar dos fertilizantes continuar em
declínio no mercado internacional, quem deixou para adquirir o insumo na última
hora poderá até pagar menos, na avaliação de Behling. Já Osaki, do Cepea,
estima que o produtor que deixou para adquirir os fertilizantes em junho pagou
cerca de 10% a mais. Nas últimas três safras, o produtor estava mais
capitalizado e havia antecipado ainda mais as aquisições do insumo.
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