A Justiça argentina determinou que a Vale mantenha as instalações de seu
projeto de potássio na província de Mendoza, que foi suspenso na semana passada
devido aos custos elevados, afirmou nesta quinta-feira (21/3) o governo
provincial.
O governo argentino já havia proibido a Vale de demitir funcionários,
depois que a empresa anunciou a suspensão do projeto Rio Colorado, que previa
investimentos de cerca de US$ 6 bilhões, e comunicou a seus empreiteiros que
poderia dispensar milhares de empregados.
"A Justiça de Mendoza, através da Quinta Câmara do Trabalho,
resolveu fazer lugar à medida de não inovar, solicitada pela UOCRA (sindicato
da construção) contra a empresa Vale do Rio S.A., devendo a mesma se abster de
realizar atos físicos e/ou jurídicos que implique desmantelar instalações,
retirar ferramentas, maquinarias e demais elementos de trabalho", afirmou
o governo de Mendoza em sua página na internet.
Cerca de 6 mil pessoas haviam sido contratadas pela Vale e suas
empreiteiras para executar o projeto, que contemplava a extração de potássio,
seu transporte em ferrovias e seu embarque em portos argentinos para exportação
ao Brasil.
A mineradora anunciou no início do mês que suspendeu o projeto orçado em
US$ 5,9 bilhões, no qual chegou a investir pelo menos US$ 2,2 bilhões como
parte da meta de se tornar uma das maiores fornecedoras de fertilizantes do
mundo. Uma elevação vertiginosa de custos, travas cambiais, uma queda no preço
global do potássio e a decisão de concentrar seus negócios no minério de ferro
levaram a empresa a suspender o projeto.
Para o governo da presidente argentina Cristina Kirchner, a Vale
"abandonou" o projeto do rio Colorado. A empresa chegou a executar
45% das obras e, só em 2012 fez investimentos de US$ 1,4 bilhão. O governo
argentino ameaçou revogar a concessão da Vale no projeto de potássio após a
paralisação do empreendimento.
Em dezembro, pouco antes de colocar os funcionários na Argentina em
licença remunerada e suspender as obras, a Vale disse que estava buscando um
parceiro para comprar parte do projeto e ajudar a arcar com os custos, num
momento em que a mineradora tenta concentrar investimentos no seu negócio principal,
de minério de ferro.
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