A atividade laboral humana é um direito fundamental que deve ser protegido dos abusos e exercido com dignidade. Neste contexto o direito do trabalho tem como órgão legislador de âmbito internacional a Organização Internacional do Trabalho. As normas deste órgão são utilizadas pela legislação brasileira, porém necessitam de acompanhamento para sua total efetividade. Dentre as convenções ratificadas pelo Brasil oito foram elevadas à categoria de direitos humanos fundamentais pela Declaração da OIT dos Direitos e Princípios Fundamentais no Trabalho.
Citamos a OIT e os direitos humanos neste 1 de Maio para reforçar nossa constante preocupação com as relações humanas dentro das empresas. Temos acompanhado o aceleramento da crise, a indústria brasileira está demitindo a alguns meses, má gestão, ineficiência e da mesma forma se observa um endurecimento ainda maior nas “regras” e condutas de alguns segmentos dentro das companhias. O que se observa neste momento é um tipo de escravidão moderna. Para alguns o trabalhador brasileiro, mesmo com a legislação vigente que o protege ou deveria proteger, não passa de um escravo com carteira assinada, alguns chefes se comportam como um feitor de chicote na mão, ao invés da senzala o chão de fábrica. Isso em pleno ano de 2015.
É inconcebível com o passar dos tempos, mesmo com a evolução das normas sociais e econômicas, grupos empresariais ainda não tenham percebido e, acima de tudo, implementado uma visão humanista, baseada nos princípios fundamentais que são direitos da pessoa humana, como direito a liberdade, igualdade e dignidade. Ou será que para as empresas seus trabalhadores têm menos diretos que os outros? Ou porque não pensar que os patrões acham que os seus empregados são “menos” humanos que eles no acesso aos seus direitos e a justiça?
Denunciamos recentemente os métodos deploráveis que alguns gerentes industriais e RTs têm tratado seus subordinados dentro da unidade da Vale Fertilizantes. O nível de assédio dentro da empresa chega a ser insuportável segundo denunciam os trabalhadores, com o agravante de que denuncias como esta não vem apenas da planta de Uberaba.
Nas unidades de Araxá e Tapira encontramos os mesmo problemas, os trabalhadores têm vivido em clima de tensão constante devido ao terrorismo psicológico feito pelos RTs e supervisores da Vale. “Como senhores de engenho da época da escravatura, eles vêm impondo humilhações de todo tipo aos trabalhadores, demonstrando uma arrogância gigantesca e uma subserviência canina, inebriados pelo poder e ávidos por agradar aos superiores, em busca de reconhecimento e promoções.” relata companheiros do Sindicato da cidade.
O constante clima de terror psicológico no ambiente de trabalho gera, na vítima assediada moralmente, um sofrimento capaz de atingir diretamente sua saúde física e psicológica, território propício à predisposição ao desenvolvimento de doenças crônicas, comprovado clinicamente.
O desrespeito não é um problema somente da Vale, em geral a maioria das empresas pecam neste quesito. A direção do STIQUIFAR tem lutado e combatido historicamente, visando encontrar juntamente com a direção de cada empresa soluções para todo o tipo de problemas, como as recorrentes tentativas de corte de benefícios, problemas no transporte, alimentação, segurança dos trabalhadores dentre outros. Na nossa percepção, a questão econômica por diversas vezes se sobrepõe a real necessidade humana.
A partir desta visão empresarial que fazemos ainda mais um chamamento para a importância de se organizar junto ao Sindicato, somente com a união da categoria as grandes empresas passarão a enxergar o acesso ao trabalho e sua realização de maneira digna, não somente como um mero meio de sobrevivência para a raça humana, o trabalho tem comprovadamente um componente imaterial que confere dignidade ao homem. Esta lá no artigo 23 da Declaração Universal dos Direitos do Homem aprovada pela Assembleia Geral das Nações Unidas:
1. Todo o homem tem direito ao trabalho, à livre escolha de emprego, a condições justas e favoráveis de trabalho e à proteção contra o desemprego.
2. Todo o homem, sem qualquer distinção, tem direito a igual remuneração por igual trabalho.
3. Todo o homem que trabalha tem direito a uma remuneração justa e satisfatória, que lhe assegure, assim como a sua família, uma existência compatível com a dignidade humana, e a que se acrescentarão, se necessário, outros meios de proteção social.
4. Todo o homem tem direito a organizar sindicatos e a neles ingressar para proteção de seus interesses.”
Neste Dia do Trabalhador, destacamos aqui que os recentes avanços sociais obtidos nos últimos anos são resultado, em grande parte, da ação do movimento sindical brasileiro. As mobilizações de rua, a organização nos locais de trabalho, as greves, têm sido atualmente responsáveis por importantes conquistas para a classe trabalhadora, tais como os maiores aumentos salariais das últimas décadas, a política de valorização do salário mínimo e aumento do emprego com carteira assinada . O seu engajamento, apoio e presença se torna ainda mais importante e fundamental nas lutas diárias do STIQUIFAR. Junte-se a nós! Feliz Dia do Trabalhador.
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