MPF questiona licença para expansão da Vale no MS



Reportagem especial na edição de hoje (06) do jornal Correio do Estado mostra que dois grandes projetos bilionários de expansão de mineração, um da Vale do Rio Doce, outro da Vetria, que estão localizados na região da morraria de Corumbá, são considerados pelo Ministério Público Federal (MPF) o “Belo Monte” do Pantanal, em alusão ao gigantesco projeto de construção da usina hidrelétrica no Rio Xingu, tamanho o impacto social, econômico e ambiental para toda a região de Corumbá e Ladário.
Tais projetos não apresentam condicionantes que atenuem a interferência direta e indireta da atividade mineradora na vida da população local e colocam em risco um dos maiores bens do Pantanal: a água.

A Vale, que já conseguiu licença ambiental prévia, embora a autorização tem sido questionada pelo MPF, pretende ampliar produção, passando dos atuais quatro milhões de toneladas por ano para 10,5 milhões de toneladas de minério de ferro, até 2018.
Já a Vetria Mineração S.A., que ainda pleiteia licença, já anunciou investimentos de R$ 11,5 bilhões na ampliação da planta industrial do município, em mina localizada na região da comunidade tradicional de Antônio Maria Coelho, a 40 km de Corumbá-MS.


Em audiência pública, no início do mês, que debateu os impactos ambientais e sociais sobre as comunidades no entorno das minas, o Ministério Público Federal (MPF/MS) se mostrou bastante preocupado com os dois projetos, uma vez que um dos grandes impactos da exploração das jazidas é sobre a água, utilizada para lavar o minério, e que já está em falta ou em má qualidade nas comunidades habitadas naquelas áreas, impactadas pela produção. A reportagem é de Ana Carolina Monteiro.
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Mais de 8 mil funcionários da Petrobras pedem demissão



Fonte: Jornal O Dia

A estatal encerrou no último dia de março o prazo de inscrição para o Plano de Incentivo ao Desligamento Voluntário (PIDV), divulgado em comunicado ao mercado financeiro em 17 de janeiro. As inscrições aceitas somaram 8.298 empregados, o que representa 12,4% do efetivo total da companhia. A previsão é de que 55% dos desligamentos ocorram ainda em 2014.


A redução de custos deve alcançar, segundo a empresa, R$ 13 bilhões no período entre 2014 a 2018.O valor estimado dos incentivos financeiros a serem pagos aos empregados que aderiram ao Plano será provisionado nas Demonstrações Contábeis do primeiro trimestre de 2014, totalizando R$ 2,4 bilhões, com efeito de R$ 1,6 bilhão no resultado. Estima-se também que o custo do referido incentivo seja compensado em um tempo médio de nove meses após a saída de cada um dos profissionais.
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Unidade da FMC em Uberaba abre inscrições para seu programa de estágio 2014



Agência Último Instante

Estão abertas as inscrições para o Programa de Estágio 2014 da FMC Agricultural Products. A companhia agroquímica oferece vagas para estudantes de Agronomia e Engenharia Agronômica que podem atuar, durante cinco meses, em diferentes segmentos da empresa, como o de Pesquisa e Desenvolvimento (P&D), de Mercado (Venda, Distribuição, Cana e Novos Negócios).  Os pré-requisitos são: estar no último ano da faculdade; ter disponibilidade para trabalhar 40 horas semanais; ter disponibilidade para trabalhar em outras cidades/estados do Brasil; estar liberado para estágio obrigatório/residência (6 meses); possuir CNH; possuir veículo próprio. Ser fluente em inglês é considerado um diferencial. A data de encerramento das inscrições poderá variar de um estado para outro, mas será concluída dois dias antes da etapa presencial. Os acadêmicos deverão consultar a sua universidade.

A FMC busca profissionais que tenham potencialidade para ser efetivados ao fim do programa e assumir posições dentro da empresa. “Queremos jovens ágeis, que estejam ‘prontos para tudo’ e que queiram aprender a partir de um espírito empreendedor”, reforça a Gerente de Recursos Humanos da FMC, Lucy Yokoyama. “Proatividade é também uma característica importante, que será levada em conta durante a seleção”, completa.

O processo seletivo engloba uma fase de análise curricular e checagem de pré-requisitos e uma etapa presencial com dinâmica de grupo e entrevistas a serem realizadas no estado ou na universidade do candidato. Os 36 jovens selecionados vão passar por uma semana de integração em Campinas (SP), onde participarão de treinamentos nas áreas de Segurança e Produtos. Um treinamento específico sobre técnicas de apresentação também será dado, com o objetivo de preparar os estudantes para a etapa final do programa, quando deverão apresentar aos gestores o projeto desenvolvido. Ao fim da primeira semana, eles serão alocados nos postos de trabalho, que ficam em cidades do interior de São Paulo, Minas Gerais, Goiás, Paraná, Rio Grande do Sul, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Bahia.

No dia a dia do estágio, os jovens serão acompanhados por um orientador que terá a responsabilidade de dar suporte e auxiliar na gestão do projeto, bem como avaliá-los ao fim do processo. “Aqueles que tiverem bom desempenho têm grandes chances de contratação. O Programa de Estágio é uma porta de entrada na FMC e uma excelente forma de um estudante ingressar no mercado de trabalho”, explica Lucy. Read More!

Bunge tem prejuízo neste início de ano




O inverno rigoroso nos Estados Unidos e a turbulência geopolítica na Ucrânia afetaram o resultado do primeiro trimestre da multinacional Bunge, que anunciou um inesperado prejuízo, atribuído à aposta errônea na queda nos preços do trigo.
As maiores traders agrícolas do mundo, incluindo a Archer Daniels Midland e a Cargill , foram atingidas por uma série de eventos excepcionais na primeira parte do ano, de um severo inverno nos Estados Unidos à rejeição de importações de milho na China.
A Bunge, que divulgou prejuízo de 27 milhões de dólares no primeiro trimestre, citou a queda de 55 por cento em sua divisão de trading e distribuição como a maior contribuição negativa ao resultado, afirmando que os conflitos na Ucrânia abalaram sua estratégia.
"Esperávamos um ambiente de preços mais baixos, particularmente do trigo, o que não se concretizou", disse o presidente-executivo da Bunge, Soren Schroder. "As turbulências políticas no Mar Negro e as consequências do inverno nos EUA foram os catalisadores primários para o rali do trigo, que ignorou as cotações mais que razoáveis das ações globais".
A Bunge registrou perda de 0,18 dólar por ação, abaixo das expectativas de analistas de lucro de 1,40 dólar por ação, em média. A companhia havia divulgado lucro de 170 milhões de dólares um ano antes.

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Documentário alerta sobre impacto da siderurgia no Brasil e na Itália


Fonte: Seculo Diário

Um novo documentário sobre os danos da mineração no Brasil e, desta vez, também na Itália, foi apresentado nessa segunda (28) e terça-feira (29) nos dois países. O vídeo Pulmões de aço – Resistências locais frente a injustiças globais retrata a devastação provocada pela atividade siderúrgica nos bairros de Santa Cruz, na cidade do Rio de Janeiro; na área industrial de Piquiá de Baixo, em Açailândia, no Maranhão; e no bairro Tamburi de Taranto, na Itália. Todos esses lugares têm em comum o fato de que, com a chegada da Vale e suas associadas, tradições foram desrespeitadas, o meio ambiente foi destruído e pessoas ficaram expostas a poluentes que, muitas vezes, causam mortes.
O documentário, que nasceu por iniciativa dos missionários combonianos e foi realizado em mutirão, envolvendo vários protagonistas da sociedade civil brasileira e italiana, acompanha a vida das pessoas que convivem com os complexos siderúrgicos e tiveram suas vidas devastadas por eles. Além da degradação ambiental e dos riscos iminentes à saúde a que são expostos, compõem o cenário desastroso o grande número de acidentes de trabalho e o desemprego.
Em Santa Cruz, a Companhia Siderúrgica do Atlântico (CSA), uma parceria da Vale e a alemã Thyssenkrupp, funciona sem licença de operação desde março deste ano e, desde sua instalação, já foi embargada pelo Ministério do Trabalho, multada por órgãos ambientais após pressão da sociedade e alvo de dois processos criminais movidos pelo Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro (MPRJ), por sucessivos prejuízos sociais ambientais, econômicos e de saúde pública. O modelo da CSA é semelhante ao projeto da Vale programado para Ubu, em Anchieta, com a Companhia Siderúrgica de Ubu (CSU).
A produção de aço da TKCSA é responsável pelo aumento de emissões de gás carbônico e onde oito mil pescadores ficaram desempregados por causa da poluição da Baía de Sepetiba. Além disso, o documentário denuncia que a cidade é cercada pelos altos-fornos da Viena Siderúrgica, da Gusa Nordeste e do Grupo Queiróz Galvão Siderurgia.
Em Piquiá de Baixo, bairro da cidade de Açailândia, no Maranhão, cinco usinas processam o ferro da mineradora e lançam no ar uma fumaça tóxica que provoca mortes constantemente. No documentário, é retratado que ao longo dos últimos 15 meses, morreram pelo menos cinco pessoas por doenças decorrentes da poluição das siderúrgicas, que produzem ferro-gusa sem utilizar filtros para reduzir as emissões de particulados na atmosfera. No bairro Tamburi di Taranto, na Itália, a empresa Ilva construiu a maior indústria siderúrgica da Europa. Nos três casos, as siderúrgicas são sustentadas pela Vale, que vende o minério extraído nas florestas do Pará e Minas Gerais.
Histórico de desrespeito
A Articulação Internacional dos Atingidos pela Vale também denunciou as práticas de espionagem e infiltração praticadas pela Vale contra movimentos sociais. Além dos casos registrados no Brasil, com violações de direitos humanos e ambientais cometidas nas regiões onde estão localizados os empreendimentos da mineradora, a entidade apresentou os graves impactos da Vale no Peru, Moçambique e Canadá. A contaminação do ar, a falta de segurança no trabalho e o desrespeito a comunidades tradicionais são fatos que acontecem não somente no Brasil, mas em todos os países em que a mineradora atua.
A Articulação lembrou, também, do escândalo que veio à tona no início de 2013, após denúncia do ex-gerente da empresa André Almeida, que apresentou dossiês que revelam monitoramento de lideranças de movimentos sociais, inclusive no Espírito Santo. O documento aponta a espionagem a membros do Movimento Xingu Vivo para Sempre, do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) e da Justiça nos Trilhos; o acesso da mineradora às informações do Infoseg e da Receita Federal; além da infiltração de espiões em reuniões e encontros de entidades que representam obstáculos aos interesses da mineradora. Apesar da gravidade das denúncias, o caso até hoje não foi devidamente apurado pelo Judiciário e governo brasileiro.

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Dilma lança pedra fundamental de nova fábrica de produção de amônia em Uberaba


Fonte: Jornal do Brasil
A presidente Dilma Rousseff participou, no sábado (3), do lançamento da pedra fundamental da Unidade de Fertilizantes Nitrogenados V (UFN V) que será construída em Uberaba (MG). Também seráassinou o termo de compromisso de garantia de fornecimento de gás natural para a unidade com a Companhia de Gás de Minas Gerais (Gasmig).
A nova unidade, que irá se chamar Fábrica de Fertilizantes Nitrogenados José Alencar (Fafen-JA) tem previsão de início de suas obras em outubro deste ano. A expectativa é que entre em operação em 2017 e seja capaz de produzir 519 mil toneladas de amônia por ano. Serão investidos R$ 1,95 bilhão e devem ser gerados mais de 3 mil empregos diretos.
A amônia é utilizada como matéria-prima para a produção de ureia, sulfato de amônio, nitrato de amônio, fosfato monoamônico (MAP) e fosfato diamônico (DAP). Ela pode ser usada também como matéria-prima na indústria petroquímica para produção de insumos alimentares, nylon, placas acrílicas e herbicidas, entre outros produtos. Os fertilizantes nitrogenados são utilizados nas culturas de milho, cana de açúcar, café, algodão e laranja, entre outras.
Para suprir a fábrica com gás natural – matéria-prima para produção de amônia – a Gasmig construirá um gasoduto interligando o Sistema Gasbel, a partir da cidade de Queluzito (MG), ao município de Uberaba, totalizando aproximadamente 470 km de extensão. De acordo com o contrato de suprimento de gás natural, o gasoduto a ser construído pela Gasmig estará concluído até o final de 2016, a fim de atender o início de operação da planta no primeiro semestre de 2017.
Para Marcelo Murta, gerente executivo de Gás Química da Petrobras, o projeto é mais um passo importante para garantir o atendimento da demanda brasileira pelo produto.
“Um passo importante nesse projeto foi dado: assinamos com a Gasmig o termo de compromisso que viabiliza a chegada do gás até o projeto. Esse gás natural é matéria-prima para a produção de amônia, um produto extremamente importante para o agronegócio brasileiro. A Petrobras entende que esse projeto agrega valor à companhia e ao país, já que reduz expressivamente a importação desse produto. Em 2013, importamos 55% da amônia demandada no país, um volume alto e a gente vê a potencialidade de produzir nacionalmente, desenvolvendo essa cadeia de valore reduzindo essa importação. Em 2020, com a entrada da planta, a gente prevê que o mercado vá depender de apenas 13% de necessidade através de produto importado. Então é a agregação do valor, é a produção do gás pela Petrobras e o processamento desse gás em produtos de extrema relevância no contexto brasileiro”, afirma. Read More!

O mariachi paga a conta do Nafta duas décadas depois


Fonte: Carta Capital/ Carlos Drummond
Pouco a comemorar, muito a lamentar. A síntese parece apropriada para definir os resultados de 20 anos de implementação do Acordo de Livre Comércio da América do Norte (Nafta, em inglês) entre Estados Unidos, México e Canadá, especialmente para o país latino. Assinado em 1992 pelos presidentes George H. W. Bush e Carlos Salinas de Gortari e o primeiro-ministro Brian Mulroney, foi apresentado como o maior acordo comercial do mundo em termos de paridade de poder de compra. A eliminação de barreiras comerciais e financeiras iniciada em 1994 abriria um caminho de prosperidade para as sociedades dos três países, previam os seus proponentes. O Instituto Peterson de Economia Internacional, think tank de Washington, projetava a partir do Nafta a produção de um superávit comercial para os Estados Unidos e de “grandes benefícios” à economia mexicana.
A realidade não confirmou esse otimismo, dizem Mark Weisbrot, Stephan Lefebvre e Joseph Sammut, do Centro de Pesquisas em Economia e Política, dos Estados Unidos, no texto “Terá o Nafta ajudado o México? Uma avaliação após 20 anos”. O crescimento do PIB per capita real, a medida mais básica do padrão de vida, caiu de 98,7% no período desenvolvimentista de 1960 a 1980 para 18,6% nos últimos 20 anos. O desempenho pífio corresponde a cerca de metade do restante da América Latina. Segundo estatísticas do governo mexicano, a taxa de pobreza de 52,3% em 2012 (último ano com dados disponíveis) é praticamente a mesma de 1994. O resultado são mais 14,3 milhões mexicanos abaixo da linha de pobreza desde a implantação do acordo.
A remuneração real dos assalariados estagnou. Em 2012, os salários, descontada a inflação, eram praticamente os mesmos pagos em 1994. O desemprego passou de 3,1% entre 1990 e 1994 para 5% hoje. No campo, o resultado é desolador. O milho e outros produtos agrícolas produzidos com altíssima tecnologia em megapropriedades dos Estados Unidos invadiram o território mexicano e varreram 4,9 milhões de agricultores dedicados à produção para o sustento de suas famílias. Desprovidos do seu meio de vida e da tradição sociocultural ligada ao cultivo de diversas espécies de milho, associado às do feijão e da abóbora, restou a esses indivíduos disputar trabalho temporário nas agroindústrias voltadas para a exportação. Mas esse setor absorveu só 3 milhões deles em ocupações sazonais e o 1,9 milhão restante viu-se obrigado a migrar para as cidades em busca de empregos em geral de baixa qualidade, bicos, ou tentar a sorte nos Estados Unidos. O número de emigrantes aumentou 79% entre 1994 e 2000 e a quantidade de mexicanos residentes nesse país saltou de 4,5 milhões, em 1990, para 12,6 milhões, em 2009.
A decisão de atrelar o destino da economia e da sociedade mexicanas ao do país mais poderoso do mundo teve custos adicionais em resultado tanto de crises econômico-financeiras quanto do aumento da participação da China no comércio mundial nas últimas duas décadas. A elevação das taxas de juro pelo Federal Reserve em 1994 fez o PIB mexicano cair 9,5%. Entre 2000 e 2002, o México foi um dos países mais afetados pelo estouro da bolha das empresas pontocom, de internet e tecnologia, e mergulhou em uma recessão. Voltou a desabar em 2008, na maior crise desde a Grande Depressão dos anos 1930 e saiu com um PIB 6,7% menor. Em maio de 2013, quando o FED anunciou a futura reversão da política de aumento da liquidez da economia (quantitative easing), investidores estrangeiros temeram a repetição da crise do peso de 1994 e interromperam bruscamente a canalização de recursos para o país. O FMI alertou para o risco de o México atrair capitais especulativos de curto prazo, se houvesse turbulência financeira mundial, e tornar-se suscetível a crises por contágio. “Uma vulnerabilidade resultante de políticas que o Nafta foi desenhando para facilitar”, disseram Weisbrot, Lefebvre e Sammut a respeito da avaliação do FMI.
As vulnerabilidades trazidas pelo acordo acentuaram-se a partir de 2001, quando a China ingressou na OMC e passou a usufruir de facilidades semelhantes àquelas do país latino-americano no comércio com os Estados Unidos. Em 2009, a China ganhava e o México perdia mercado em relação a 84% das manufaturas exportadas para aquele país, concluíram Devin Gallagher, da Universidade de Boston, e Enrique Dussel, professor da Universidade Autônoma do México, em um estudo intitulado “Como a China acabou com a festa do Nafta”. Em 2000, China e México supriam 5% do mercado de computadores dos EUA. Em 2009, os chineses dominavam mais da metade das exportações do produto e a fatia dos mexicanos era igual a zero. A cadeia de produção de vestuário “está simbolicamente perdendo mais de 50% dos seus empregos desde 2000” e a situação nos setores de móveis e brinquedos é semelhante. A exceção é a exportação de automóveis, favorecida, entre outros motivos, pelo fato de a China absorver sua produção e não ter, no momento, grande poder de fogo para vender a outros países.
Maiores perdedores, o México e os mexicanos não são os únicos prejudicados com o acordo, mostra um balanço feito por Carlos Salas, da Universidade Autônoma do México, Robert E. Scott, do Instituto de Política Econômica dos Estados Unidos, e Bruce Campbell, do Centro Canadense para Políticas Alternativas. Os pesquisadores analisaram os resultados do Nafta para os trabalhadores dos três países até 2006. Em todos eles, a parcela dessa parte da sociedade nos ganhos de produtividade diminuiu e a proporção do lucro e da riqueza apropriada pelos situados no topo da pirâmide cresceu. Nos Estados Unidos, ao contrário do prometido pelo governo, não houve criação de empregos em grande quantidade. Ocorreu o oposto: em consequência do tratado, foram eliminados 1 milhão de postos de trabalho. No Canadá, exceto para os situados na faixa de renda mais alta, os ganhos reais estagnaram. As regras do acordo protegem os interesses dos investidores, de grandes corporações e reduzem os direitos trabalhistas, a proteção ao meio ambiente e os direitos democráticos, concluíram os pesquisadores.
O risco de uma experiência semelhante rondou o Brasil. Empolgados com a assinatura do Nafta, os Estados Unidos propuseram no mesmo ano um pacto semelhante para a criação da Área de Livre Comércio das Américas, com eliminação das barreiras tarifárias entre os 34 países do continente. A proposta americana apresentada pelo presidente Bill Clinton não empolgou. No caso do Brasil, as exportações aumentariam em 1,2 bilhão de dólares, mas as importações cresceriam em 2,2 bilhões, concluíram os pesquisadores Honório Kume e Guida Piani em estudo do Ipea. Outros países chegaram a conclusões semelhantes e em 2005, na 4ª Cúpula das Américas, a proposta foi retirada de pauta.
Na história do Nafta, o México foi também vítima de si próprio. “A iniciativa do tratado não foi dos Estados Unidos nem do Canadá, mas do governo mexicano, que se aproximou do americano no início dos anos 1990 para discutir essa possibilidade”, diz Carlos Salas, hoje aposentado da Unam, professor do Instituto de Economia da Unicamp e integrante do Centro de Estudos Sindicais e de Economia do Trabalho. O acordo acentuou a dependência econômica dos Estados Unidos e dificultou a quebra da hegemonia política conservadora no México. A produção industrial aumentou, mas isso não abriu caminho para o desenvolvimento. “Muitos da nossa geração provêm da classe média baixa ou de famílias de trabalhadores e ascenderam socialmente. Para nossos filhos e netos, essa possibilidade é quase nula. Há uma perda de esperança da população.”

Um tratado inspirado em acordos europeus, como os realizados por Itália, Irlanda, Espanha, Portugal e Polônia entre as décadas de 1960 e 1990, teria funcionado melhor para o México, afirma Jorge G. Castañeda, professor da Universidade de Nova York, ex-ministro do Exterior e, quem diria, um dos entusiastas do neoliberalismo dos anos 1990.
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