O presidente da Vale, Murilo Ferreira, reestruturou a área de
inteligência da mineradora após assumir o cargo, modificando a estrutura da
gestão anterior acusada de grampo telefônico por um ex-funcionário da empresa.
A segunda maior mineradora do mundo aguarda o término de uma auditoria
realizada internamente para então tirar suas conclusões sobre o caso, afirmou o
executivo nesta quinta-feira.
O executivo disse em teleconferência para jornalistas, convocada para
comentar os resultados trimestrais, que a área de inteligência da Vale foi
reestruturada na sua gestão, ao ser indagado sobre o assunto.
Mas, apesar da reestruturação realizada por Ferreira, a Vale afirmou
nesta semana que não acredita nas acusações.
O presidente do Conselho de Administração da Vale, Dan Conrado, e
Ferreira solicitaram uma auditoria sobre recentes denúncias de um ex-gerente da
companhia que havia sido demitido por ter usado indevidamente o cartão
corporativo da empresa, segundo a Vale.
A mineradora é acusada de ter usado grampo para monitorar grupos
contrários às suas atividades e jornalistas.
"A Vale não compactua com este tipo de método e repudia qualquer
atuação desta natureza na empresa, assim como não acredita que tais fatos
tenham de fato ocorrido", afirmou a Vale em nota sobre o tema.
Além desta acusação, a Vale está acompanhando investigações de corrupção
supostamente realizada por seu sócio na Guiné.
Executivos disseram nesta quinta-feira estarem confiantes de que nada de
ilegal foi praticado pela Vale.
Documentos submetidos a um tribunal federal dos EUA em Nova York relatam
que Frederic Cilins, ligado a empresa BSG Resources, parceira da Vale na Guiné,
ofereceu subornos para garantir os direitos de mineração para a concessão de
Simandou, totalmente detida pela Rio Tinto até 2008.
A BSG Resources e a Vale detêm a concessão de lavra para a metade de
Simandou, uma das maiores descobertas do mundo de minério de ferro, mas o
trabalho foi suspenso no ano passado depois que o governo começou a rever a
licença do projeto.
A BSG, controlada pelo bilionário Beny Steinmetz, tem repetidamente
negado as acusações do governo da Guiné, de que pagou subornos para obter os
seus direitos de mineração e disse que Cilins não era um empregado.
A Vale procurou se distanciar de seu parceiro, dizendo que não tinha
conhecimento das ações Cilins e não teve nenhuma participação em quaisquer
ações tomadas pelo Grupo BSG em conexão com a atribuição da concessão Simandou.
A empresa vendeu à Vale uma participação de 51 por cento da concessão em
2010 por 2,5 bilhões de dólares, mas apenas 500 milhões de dólares foram pagos.
A Vale se negou a pagar o restante recentemente, argumentando que as metas de
desenvolvimento do projeto não foram cumpridas, conforme antecipou a Reuters.
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