Banco questiona falta de reação da Vale após resultados: dias ruins à frente?


Fonte: Infomoney 

A Vale divulgou os resultados do terceiro trimestre na última semana, com números muito mais fortes do que o esperado. Contudo, na sessão posterior ao balanço, do dia 7 de novembro, as ações da companhia caíram mais de 3% e não apresentaram uma correção até então, conforme destaca o HSBC. 
Conforme apontam os analistas Leonardo Correa e Luiz Fornari, a visibilidade quanto a questões importantes, como as relacionados à tributação, permanece reduzida, porém o quadro geral mantém-se intacto. Assim, destacam: "somos compradores na baixa". Desta forma, eles elevaram o preço-alvo para os ativos VALE5 de R$ 41 para R$ 45, com recomendação overweight (exposição acima da média do mercado).
A equipe do banco aponta 5 mudanças nas estimativas: os resultados mais fortes do que o esperado no terceiro trimestre, o gerenciamento de custos e despesas melhores que o previsto, pequenos atrasos nos volumes de curto prazo do minério de ferro, o impacto negativo do passivo fiscal e o impacto positivo nas avaliações com base nas mudanças em premissas. 
Correa e Fornari ressaltam que os resultados da Vale no terceiro trimestre confirmaram as tendências operacionais positivas observadas nos últimos trimestres. No entanto, muitos questionam se o recente desempenho abaixo da média no que tange às ações é mais que uma simples onda de realização de lucros, com as ações subindo em função da previsão dos resultados.
"A nosso ver, a baixa visibilidade quanto aos passivos fiscais e às questões não resolvidas das licenças para a expansão de Carajás geraram certo debate adicional", destacam, assim como a possibilidade de aumento de custo caixa da Vale, relacionados ao minério de ferro. 
Desta forma, eles acreditam que essas questões não devem surpreender o mercado, uma vez que estão amplamente precificadas. Além disso, Correa e Fornari observam que as recentes melhorias operacionais, a estratégia de corte de custos, os preços resilientes do minério de ferro, os dados macroeconômicos positivos e a desvalorização do real compensam esses riscos. "Permanecemos otimistas", ressaltaram os analistas.
Ação já precifica passivo tributário
O passivo tributário da companhia com a Receita Federal no caso da bitributação de controlada, em cerca de US$ 9 bilhões a US$ 10 bilhões também é visto como precificado visto como o pior cenário. Contudo, ressaltam, as empresas ainda negociam um acordo mais favorável, como um aumento no período da amortização e uso de prejuízos acumulados, o que pode resultar na redução dos impactos. 
"Existem ainda muitas dúvidas sobre como a tributação de lucro de subsidiárias no exterior será tratada daqui em diante, porém nossa percepção é de que a maior parte dos investidores já assume um incremento na alíquota tributária efetiva no longo prazo", afirmam.
Por outro lado, estão os preços do minério de ferro, que devem ter sustentação no curto prazo e ausência de sobreoferta significativa em 2014. De acordo com os analistas, uma grande parcela da nova capacidade se intensifica; contudo, no curto prazo, a expectativa é de que os efeitos sazonais limitem a resposta da oferta. 
Já para 2014, o crescimento dos volumes pode estar em risco apesar que, de qualquer forma, "ninguém parece precificar qualquer expansão no curto prazo" para a mineradora. Dentre os fatores de risco, estão as licenças ambientais, que continuam complicadas em Carajás e outros desafios de execução no segmento de minério de ferro.
Enquanto HSBC compra, JP vende
Na contramão da recomendação do HSBC, o JPMorgan Cazenove - braço do JPMorgan em Londres - recomenda a venda das ações das empresas mineradoras, como BHP Billiton, Glencore Stata e Rio Tinto, conforme relatório repercutido pelo blog de investimentos Barron's. Eles destacam que as ações das mineradoras já subiram 30% desde junho, em meio ao ambiente mais tranquilo para os emergentes. E a expectativa é de que haja um movimento de realização, que pode durar de quatro a cinco meses e levar a uma baixa de 30% a 35%.
Além disso, eles apontam que os PMIs da China, mesmo mostrando recuperação das atividades do país, têm apresentado fragilidade. Os economistas do banco acreditam que, após um pico no terceiro trimestre, a atividade ficará mais moderada.
Os analistas, contudo, fazem algumas ressalvas, destacando que a melhora do fluxo de caixa e a desalavancagem estão subprecificadas, mas sempre destacando a probabilidade de uma correção no curto prazo. Neste sentido, os analistas veem a Rio Tinto como mais subvalorizada, possuindo recomendação overweight para o papel.

Assim, conforme destaca o Barron's, deve-se observar que, enquanto os analistas setoriais veem os aspectos macroecônomicos primeiramente, enquanto os de empresas individuais veem os dados especifícos das companhias, tendo conclusões divergentes sobre o que deve ser decidido. "A pergunta para os investidores é decidir qual é a melhor forma com base no nosso estilo de investimento individual", ressaltou.

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