A simulação de ruptura da Barragem Gregório, mantida pela mineradora Vale na Morraria de Santa Cruz, em Corumbá, mobilizou mais de 500 pessoas, na manhã desta quinta-feira (29), e o resultado da ação de mobilização e segurança coordenada pela empresa foi aprovada pelos órgãos de fiscalização. Os ajustes, no entanto, incluem maior engajamento dos moradores que residem na rota de inundação dos rejeitos em caso de acidente.
Para o coordenador estadual de Defesa Civil, tenente-coronel Fábio Catarinelli, o teste do Plano de Ação de Emergência para Barragem de Mineração (PAEBM) foi satisfatório no aspecto de mobilização, que envolveu uma área expressiva e um contingente de pessoas, entre a comunidade, funcionários da Vale e técnicos dos órgãos que acompanharam a simulação. “Pela legislação, a empresa cumpriu o plano com algumas ressalvas”, informou.
A Barragem Gregório, considerada de dano alto, é uma das mais antigas (28 anos) em operação em Corumbá, distante cerca de 40 km do centro urbano, com capacidade para nove milhões de metros cúbicos de rejeitos. Segundo a Vale, hoje ela foi redimensionada e opera com dois milhões de metros cúbicos. Em caso de rompimento, a lama percorrerá 12,7 km até a BR-262 (km 740), no tempo de 1h10m, não ultrapassando a rodovia, segundo projeção.
Ação foi coordenada
Conforme divulgou a empresa, há um desnível de 630 metros entre a barragem e a BR-262, que está situada entre a morraria e o Pantanal do Jacadigo. O cenário desenhado, em caso de acidente, aponta que a mancha chegará próxima à rodovia com 60 centímetros de espessura, depois de perder volume e velocidade com a concentração de rejeitos após 5 km da barragem. Na rota de inundação, existem três balneários particulares e 199 moradores.
“É uma situação de emergência mais complexa, que envolve maior volume de pessoas e profissionais da área operacional, mas houve coordenação na ação e os moradores chegaram com antecedência aos pontos de encontro após o acionamento da sirene”, avaliou o tenente-coronel Catarinelli. Ele ressaltou, porém, que no primeiro ponto de encontro, onde a lama chegaria em 18 minutos, houve apenas três minutos para evacuar as pessoas.
A sirene de alerta do rompimento da barragem foi acionada às 9h55, cinco minutos antes do previsto e sem aviso prévio, a pedido dos técnicos da Agência Nacional de Mineração (ANM), que acompanharam o disparo do dispositivo na sala operacional próximo à concentração dos rejeitos. O plano de ação emergencial, com fechamento de estradas vicinais e auto socorro dos moradores, teve a duração de 38 minutos, com a adesão de 43% dos moradores.
Capacitação de bombeiros
As conclusões apontam a necessidade de ajustes ao plano, como um trabalho de convencimento dos moradores que ainda relutam em deixar suas casas em caso de acidente. Funcionários da siderúrgica da Vetorial, situada fora da rota de inundação, disseram que não ouviram a sirene e a Vale informou que pretende incluir na mobilização avisos sonoros móveis. Duas de um total de nove sirenes pararam de funcionar, cujas causas serão verificadas.
A Vale montou o posto de operação na Escola Municipal Castro Alves, situada ao lado da estação ferroviária do distrito de Maria Coelho e trabalha com sete pontos de encontro para os moradores da região de risco. O coordenador estadual de Defesa Civil solicitou à Vale a capacitação de bombeiros para atuarem em situações de sinistros e a prefeitura de Corumbá anunciou que está realizando um plano de contingência para as barragens do município.
Além da Defesa Civil do Estado, presenciaram a simulação o comandante do Corpo de Bombeiros de Corumbá, major Luciano Alencar; o coordenador de Defesa Civil do município, tenente Isaque Nascimento; Luiz Mário Ferreira, Lisane Knauf e Diego do Carmo Brito, do Imasul (Instituto de Meio Ambiente de MS); e representantes da Agência Nacional de Mineração (ANM), Ibama, Exército, Marinha, Ministério Público e mineração Vale.
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