Fonte: Folha de São Paulo
Abatidas pela queda no preço de seus produtos, Vale e Petrobras reduziram fortemente seu peso no comércio exterior brasileiro. No primeiro semestre deste ano, as duas maiores exportadoras do país responderam por 11% do que o país embarcou ao exterior em valores, a menor participação em dez anos.
A petroleira e a mineradora chegaram a responder em 2011 por quase um quarto de tudo que o Brasil exportou no primeiro semestre. Naquele ano, o país bateu recorde de exportações.
O desempenho das companhias é central ao comércio exterior brasileiro.
De janeiro a junho, o Brasil vendeu US$ 16,2 bilhões a menos a outros países ante igual período de 2014. E 43% desse tombo veio da queda das receitas de Petrobras e Vale no período, segundo dados do Mdic (Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior).
Ambas apresentaram redução nas receitas com exportação. É a primeira vez que isso ocorre desde 2006.
Da dupla, a que mais amargou perda com a venda ao exterior foi a Vale. A produção aumentou, mas os preços ainda estão baixos —no primeiro semestre deste ano, o preço médio da tonelada de minério de ferro vendida pelo país foi de US$ 42,69 contra US$ 89,55 no mesmo período do ano passado.
Não à toa, a Vale acumulou prejuízo de R$ 4,3 bilhões no semestre frente ao lucro de R$ 9,1 bilhões nos primeiros seis meses de 2014.
Já os resultados da Petrobras vêm sendo afetados duplamente: a produção está menor e o petróleo mais barato (queda de 48,5% no preço médio).
Com isso, o lucro desabou.
Os fracos resultados dos embarques de Vale e Petrobras não são, contudo, casos isolados entre o time de elite das exportações.
Entre as 40 maiores exportadoras, somente 14 conseguiram ampliar as vendas no primeiro semestre deste ano. No mesmo período do ano passado, o resultado havia sido melhor: 25 delas apresentaram expansão nas vendas.
COMMODITIES
A alta concentração da pauta exportadora em produtos básicos ajuda a explicar o mau momento das grandes. As commodities —produtos em estado bruto ou primário, como soja ou minérios, que têm cotação internacional.
"O Brasil aprofundou muito a sua especialização em produtos agrícolas e commodities industrializadas, que são intensivas em recursos naturais. Com isso, salvo uma ou outra exceção, o resultado foi pífio", diz André Nassif, professor do MBA de Comércio Exterior da FGV.
Além do minério e do petróleo, houve queda no preço da soja, do milho, do açúcar e da carne em relação ao primeiro semestre de 2014.
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