Fonte: IG
Um eventual adiantamento no calendário de pagamento do abono salarial do PIS/Pasep, que teve metade das liberações adiada para 2016, encontra respaldo entre representantes da classe empresarial próximos do Conselho Deliberativo do Fundo de Amparo ao Trabalhador (Codefat).
O órgão, que reúne representantes de patrões, empregados e governo, se reúne em 26 de agosto para discutir o calendário, que está sob questionamento por prever o adiamento, para o que vem, do pagamento do abono dos trabalhadores nascidos entre janeiro e junho e dos servidores com final de inscrição no Pasep de 5 a 9.
O governo, que pediu esse adiamento em razão das dificuldades financeiras que enfrenta, já se comprometeu a negociar um novo escalonamento, mas não apresentou proposta. Os trabalhadores - e, por meio da Justiça, o PSDB e a Defensoria Pública da União (DPU) - exigem que o pagamento seja feito todo em 2015, como historicamente tem sido feito.
Segundo o iG apurou, a proposta aventada entre os empresários é que o governo adiante em 1 ou 2 meses os pagamentos de 2016. Com isso, em vez de esperar até março - como prevê o calendário atual -, parte dos trabalhadores poderia receber em janeiro ou fevereiro.
"Se você imaginar [que o adiamento] é para que se feche o balanço [do governo], em 31 de dezembro fecha o balanço e dia 1º [de janeiro] são novos números", pondera uma fonte, que pediu anonimato por tratar a ideia como uma mera "reflexão".
A mudança beneficiaria os trabalhadores que fazem aniversário em maio ou junho, e servidores públicos com final de inscrição no Pasep de número 8 e 9.
Pelo calendário atual, esses profissionais só recebem em março. Caso todos os pagamentos de 2016 sejam adiantados para janeiro, também seriam beneficiados os aniversariantes em março e abril e os de inscrição final 6 e 7.
Para duas fontes ouvidas pela reportagem, a mudança seria positiva também para o empresariado, pois significaria uma injeção mais rápida de dinheiro no mercado. Os abonos adiados paras 2016 somam R$ 10 bilhões, um impulso não negligenciável para uma economia em ritmo lento.
"[A proposta] é interessante e é um avanço em relação ao que foi decidido [calendário atual]. Se isso for possível, atende a um clamor dos trabalhadores", diz uma delas, que também pediu anonimato.
Apoio nao é unânime
Um terceiro interlocutor empresarial, entretanto, pondera que a medida pode ter um impacto negativo na inflação que, ao subir, pressiona por mais alta nos juros que, por sua vez, deprimem a atividade econômica. Na semana passada, a Selic -taxa básica de juros da economia - atingiu 14,25%, o maior patamar desde 2006. Por isso, o apoio ao adiantamento não é unânime.
"Estamos vivendo com a inflação a 10% [a previsão do mercado é que o ano feche com 9,23%]", diz. "Vai gerar mais inflação."
Presidente do Codefat e representante da Central Única dos Trabalhadores (CUT), Quintino Severo afirma que a posição da bancada trabalhista é exigir o pagamento todo em 2015. O Ministério da Fazenda e o Ministério do Trabalho, que têm assento no conselho, informaram que não iriam comentar.
O abono salarial, no valor de 1 salário mínimo (R$ 788), é pago a trabalhadores formais da iniciativa privada e servidores públicos que recebem até dois salários mínimos (R$ 1.576), em média.
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