O dia 24 de junho, no V Encontro Nacional de Trabalhadores do Setor de Fertilizantes e Defensivos Agrícolas, em Uberaba (MG), teve plenária onde diversos sindicalistas discutiram soluções para os vários problemas que atingem a categoria química em todo o Brasil. Entre eles a negociação do pagamento de PLR e o desrespeito aos direitos básicos do trabalhador.
A presidente do Sindicato dos Químicos de Uberaba, Graça Carriconde, destacou a questão da falta de política pública para proteger o solo. “O movimento sindical precisa atuar por segmento, porque as empresas estão agindo de forma unificada”, disse. Também ressaltou que atualmente para garantir a saúde do trabalhador, os sindicatos precisam entrar na Justiça. “Não lutamos contra um sistema, mas todos, caso o movimento sindical esteja unificado, encontraremos soluções”, destacou.
Ela também ressaltou a conquista de tíquete refeição no valor de R$ 300,00, tabela 6×4, cinco turnos e GTP nas misturas de 5%. “Infelizmente na Vale temos a escravidão moderna. Quando tirarmos ações conjuntas, precisamos ter ações concretas. Os problemas vão existir sempre, assim como as conquistas, mas com apoio de organismos internacionais, caso da AFL/CIO, o negócio muda de figura, porque a Vale tem medo de exposição negativa no Exterior”, afirmou.
O vice-presidente do Sindicato dos Químicos do Maranhão, Cleber Silva dos Reis, colocou em pauta mais informações a respeito do dinheiro do FGTS aplicado pelo governo, porém ressaltou que o encontro de Uberaba o ajudou na obtenção de subsídios para as próximas negociações. “Nunca podemos esquecer de que a classe patronal se organiza. Nós também. Com uma pauta única poderemos nos aproximar mais, pois já faz quatro anos que uma empresa do Maranhão estuda o nosso pedido de pagamento de PLR. Mesmo assim conseguimos conquistar 7,5% de reajuste e cesta básica em 2014”, afirmou.
O diretor da CNTQ (Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Químico), Heitor Danilo Apipe, lembrou que antes o dinheiro do FAT (Fundo de Amparo ao Trabalhador) era usado para cursos de qualificação e requalificação, também destacou que as empresa Heringer e Yara foram convidadas a participar deste evento, mas não compareceram. “Infelizmente elas odeiam sindicalistas e maltratam os trabalhadores. Para combater esse mal precisamos investir na criação de redes para relatar os problemas que afligem todos os nossos sindicatos”, disse.
Pinheiro destacou a conquista de a própria empresa lavar os uniformes dos funcionários, evitando que eles possam levar produtos químicos para casa e durante a limpeza contaminar seus familiares, na higienização das roupas. Ficou claro que na Bahia, diversas empresas do setor de fertilizantes não tinham política de RH. Outras não pagavam PLR, atualmente em torno de R$ 1.260,00. Para forçar negociação, ocorreram bloqueios nas rodovias da região e greve quando os funcionários eram impedidos de participar das assembléias. Segundo ele, na Bahia ocorreu política única para setor de fertilizantes, unidos CUT e Força Sindical.
O presidente do Sindicato dos Químicos do Maranhão, José de Ribamar Mendonça Dutra, lembrou que as empresas Fertipar e Tocantins não pagam PLR naquele estado. “Para solucionar a questão é preciso que façamos um pré-acordo garantindo a data base. Cada vez que sentamos para negociar, elas jogam a culpa no governo. É o caso da Yara, que comprou a Bunge”, explicou.
Já o presidente do Sindicato dos Químicos de Araxá e Região (MG), Vicente Magalhães de Matos, recordou as batalhas travadas contra a Vale Fertilizantes e alertou os demais companheiros: “precisamos assumir o compromisso de só levar para as bases, após a realização de muita discussão a respeito do assunto. É tática da Vale desarticular sindicatos.” Ele disse que entrou com processo contra a terceirização naquela empresa e fez acordo para registrar os 1.600 funcionários na Vale. Depois rompeu o acordo que tínhamos a respeito de turnos. “Sem o apoio da CNTQ, companheiros de Catalão e de Uberaba, não iríamos conseguir vencer essa batalha. A regra é tomar muito cuidado quando falamos com a Vale. Precisamos resistir à pressão e assumirmos mais compromisso”, frisou.
O diretor do Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias de Fertilizantes, Adubos e Defensivos Agrícolas de Rio Grande (RS), Marco Antonio Amaral de Farias, falou dos problemas enfrentados com as 18 empresas do setor, entre elas a Heringer que chegou ao Rio Grande do Sul e também com a Fertipar. “É preciso discutir mais cedo para negociar depois. Tivemos uma briga com a Mosaic, pois ela queria considerar doença a gravidez uma trabalhadora. Garantimos o pagamento da PLR integral a essa funcionária. Repetimos a negociação na Ultrafértil. Infelizmente essas empresas só mudam de endereços, mas mantém a mesma postura. Nunca deveremos se conformar com pouco”, disse.
O vice-presidente da CNTQ e presidente da Fequimfars, Larri dos Santos, disse que algumas empresas de fertilizantes entraram em contato com ele para tentar fechar acordo de PLR, caso do Yara por exemplo. “Como o sindicato de Rio Grande é filiado a nós pegamos o acordo firmado em Rio Grande, para cumprir o prometido com aqueles companheiros. A Heringer e outras empresas não quiseram”, afirmou.
O vice-presidente do Sindicato dos Químicos do Vale do Ribeira, Pedro Paulo Rossi, repetiu as críticas de outros companheiros em relação à Vale, no tratamento dispensando a sindicalistas e trabalhadores. “Ela desarticula os sindicatos, fazendo conversas em separado. Não podemos repetir esse erro. Quando souberam que estávamos articulando a criação de uma rede, ficaram temerosos. Não é possível brigar individualmente com a Vale. Ela é a única empresa da América Latina que faz o ácido fosfórico e responde por 60% da produção de nutrição animal. Em todas as empresas, como Braskem, Heringer, Yara, Vale S/A e Vale Fertilizantes a metodologia é a mesma. Precisamos de mais união e coerência”, ressaltou.
O diretor do Sindicato dos Químicos da Bahia, Joãozito de Santana Câmara, o Capitão, sugeriu que o movimento sindical utilize as próprias armas que as empresas usam contra os dirigentes numa negociação salarial. “Descobri que o código de ética da Heringer obriga essa empresa a nos respeitar. Numa reunião coloquei esse assunto na pauta para transformar essa teoria em prática. Assim como devemos coibir todo tipo de abuso da Yara Galvani contra o trabalhador, que tinham horas descontadas quando participavam de assembléia.
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