Bolsa tem maior alta em dois meses com disparada de mais de 7% da Vale


O principal índice da Bolsa brasileira teve na terça-feira (2) sua maior alta diária em dois meses, impulsionado pela disparada de mais de 7% das ações da mineradora Vale.

Segundo analistas, não houve mudança no cenário de cautela com a economia brasileira, que segue enfraquecida e com inflação elevada, mas investidores aproveitaram o dia para comprar papéis "baratos" na Bolsa e incentivar uma recuperação do Ibovespa, que caiu mais de 6% no mês passado.

O avanço do Ibovespa foi de 2,27%, para 54.236 pontos. Foi o maior ganho diário do índice desde a alta de 2,29% registrada em 1º de abril. O volume financeiro foi de R$ 6,884 bilhões.

A ação preferencial da Vale, sem direito a voto, subiu 7,46%, para R$ 18,01. O Itaú BBA elevou a recomendação para o ADR (recibo de ações negociado na Bolsa de Nova York) da Vale para "market perform" (desempenho em linha com a média do mercado), embora tenha reduzido o preço-alvo, citando melhorias esperadas para o fluxo de caixa livre a partir de 2017.

Também beneficiou os papéis da Vale a nova alta no preço do minério de ferro negociado no mercado à vista da China. O país asiático é o principal destino das exportações da mineradora brasileira.

Entre os bancos, segmento com maior peso dentro do Ibovespa, o Itaú Unibanco ganhou 2,23%, para R$ 34,84, enquanto a ação preferencial do Bradesco avançou 2,49%, para R$ 28,86. Já o Banco do Brasil teve valorização de 2,49%, para R$ 23,45.

A produção industrial brasileira caiu 1,2% em abril frente a março, na série livre de influências sazonais (como o número de dias úteis). Quando comparado ao mesmo mês do ano passado, o setor apresentou uma baixa de 7,6%. Economistas consultados pela Bloomberg projetavam uma queda de 1,4% em abril, na comparação ao mês anterior, e de 8,1% em 12 meses.

Embora os números tenham vindo melhores que o esperado, as expectativas seguem pessimistas ao setor. "O nível muito baixo de confiança da indústria sugere que o setor vai continuar sendo um grande obstáculo no crescimento [da economia] no segundo trimestre e ao longo de todo o ano", disse Luciano Rostagno, estrategista-chefe do Banco Mizuho.

O economista Alberto Ramos, do banco americano Goldman Sachs, acredita que o cenário deve piorar em 2015. "É esperado que as condições de financiamento sofram um aperto neste ano, uma vez que as taxas de juros de empréstimos estão subindo e o acesso ao crédito se torna mais seletivo (tanto em bancos privados quanto públicos). Os investimentos devem contrair", disse em nota.

As ações preferenciais da Petrobras subiram 3,80%, para R$ 12,84 cada uma. A estatal emitiu na segunda-feira (1º) US$ 2,5 bilhões em títulos de 100 anos, pagando um rendimento de 8,45% ao aplicador, na primeira investida da companhia no mercado internacional de capitais desde o estouro da Operação Lava Jato da Polícia Federal, que investiga desvios de dinheiro na empresa.

"Na nossa opinião, o objetivo dessa emissão foi muito mais para passar uma mensagem aos investidores e mostrar que o mercado de dívida está 'aberto' para a companhia", disse o analista Ricardo Kim, da XP Investimentos, em relatório. A "companhia segue com uma estrutura extremamente alavancada [dívida líquida superior à geração operacional de caixa]", completou.

Em sentido oposto, as ações do setor de papel e celulose caíram nesta terça diante da desvalorização do dólar, que prejudica as receitas de exportadoras. A Suzano perdeu 0,74%, para R$ 16,17, enquanto a Fibria teve desvalorização de 1,07%, para R$ 43,28.

CÂMBIO

No mercado de câmbio, o dólar caiu em relação ao real, com o mercado otimista em relação a um provável acordo entre o governo grego e líderes da União Europeia e do FMI (Fundo Monetário Internacional) para amenizar o problema da crise na Grécia.
O dólar à vista, referência no mercado financeiro, teve desvalorização de 1,57% sobre o real, cotado em R$ 3,129 na venda. Já o dólar comercial, usado no comércio exterior, cedeu 1,19%, para R$ 3,136.
"Foi o alívio no exterior que se espalhou para os mercados domésticos", resumiu o operador de câmbio da corretora B&T Marcos Trabbold.

Dados melhores que o esperado sobre a inflação na zona do euro corroboraram o bom humor nos mercados externos, afastando a ameaça de deflação que tem preocupado os mercados financeiros e o BCE (Banco Central Europeu). Com isso, o euro subiu ante o dólar.
Investidores também continuaram monitorando a postura do Banco Central brasileiro em relação às ofertas de swap cambial (operação que equivale à venda futura de dólares), após a autoridade monetária sinalizar que continuará fazendo neste mês rolagem parcial do lote de contratos que vence em julho. O BC rolou nesta terça-feira 7.000 contratos de swap, em uma operação que movimentou US$ 341,3 milhões.

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