No primeiro painel de discussão a sindicalista e economista norte-americana, Jana Silverman ,diretora dos programas no Brasil do Solidarity Center, AFL-CIO, explicou de forma clara e objetiva as perspectivas econômicas do Brasil e do mundo e como isto afeta diretamente a vida do trabalhador químico. A economista apresentou dados e gráficos que esclareceram a plateia sobre vários temas, dentre eles: inflação, taxas de juros, falta de investimentos, crédito e capital especulativo, sem esquecer da questão social, que segundo ela é o ponto mais relevante.
Jana qual o trabalho do Solidarity Center e a importância de participar aqui no Brasil do o 5º Encontro Nacional dos Trabalhadores no Setor de Fertilizantes Defensivos Agrícolas?
“ Nós temos uma politica de fomentar as redes sindicais, nacionais e globais, por causa da globalização que é muito importante os trabalhadores lutarem juntos para enfrentar e encarar o poder das grandes empresas multinacionais. Por isso queremos contribuir neste processo de consolidação das ações sindicais do setor de fertilizantes, onde já temos 5 anos de atuação. Parabenizamos todos os Sindicatos por este evento.”
Qual a relevância de se discutir a questão econômica do país para os sindicalistas de uma forma geral?
“Para poder mudar a realidade você tem que conhecer primeiro, ter fontes de informação confiáveis, desde o ponto de vista do movimento sindical. Sabemos que a grande mídia distorce as informações, atuando quase que como um partido politico, tentando prejudicar os trabalhadores. Por isso estamos aqui para apresentar a informação mais correta e clara possível.”
Em momentos de crise, como o que vivemos atualmente, qual o posicionamento que os Sindicatos, de uma forma geral, devem tomar em relação a questão econômica. Já que afeta muito mais a classe trabalhadora e seu bolso efetivamente?
É difícil falar, pois, cada sindicato tem uma postura. Mas é importante ter uma boa leitura de tudo que está se passando no país. Tendo um canal de dialogo social aberto com suas bases e também saber o momento de negociar e ir realmente à luta. Temos que ter uma posição contrária a ideia de sempre entrar em greve. As vezes temos que entender quando temos que recuar de maneira estratégica, para ganharmos a longo prazo. Até porque essa luta, dos trabalhadores contra o capital não vai acabar nunca. Temos que pensar mais no longo prazo, isso é o que estamos tentando fazer aqui!
Sabemos que os trabalhadores devem se interessar cada dia mais pela econômica de seu país, o que está se passando com ela. De que forma, de maneira prática, isso pode ajudá-lo no seu trabalho e em seu dia a dia?
Isso tem uma aplicação direta na mesa de negociação coletiva e nas conversas de seu dia a dia com os trabalhadores nas portas das fábricas. Muitas vezes as pessoas não entendem o porquê não ganham um aumento salarial X. Tendo um conhecimento prévio, ele tem uma “arma” com este conhecimento. Eles a partir disto vão entender o motivo do seu Sindicato não ter conseguido um aumento maior. Por mais que os Sindicatos lutem, existem fatores externos que não se pode controlar. Entendendo melhor aspectos econômicos aprimoramos nossa estratégia para poder ganhar mais”
Você consegue notar diferenças políticas-econômicas entre os trabalhadores norte-americanos e os brasileiros em momentos de crise?
Nós, os americanos, tivemos uma grande crise em 2008. Lá nos Estados Unidos, os Sindicatos abriram mão de muitas coisas para preservar empregos e muitas das vezes, não conseguiram segurar estas vagas. Isso tem que servir de lição para os trabalhadores brasileiros. Para não se fazer a mesma coisa aqui. Temos que aproveitar que aqui o governo é ainda, mais ou menos, favorável aos trabalhadores para tentar negociar de maneira mais dura com as empresas. Pois sabemos que por mais que passamos por uma crise, por outro lado, eles têm muito dinheiro nos bancos. O dinheiro existe, nos resta lutar para conquistarmos uma maior fatia deste bolo.”
Jana você como economista e sindicalista, por favor dê um recado, um alerta, de qual a postura que o trabalhador, de uma forma geral, deve adotar neste momento onde a crise arrocha salários e aumenta impostos.
O fundamental é sempre ter uma boa comunicação entre base e os Sindicatos. Tem sempre um diretor que está mais envolvido na questão das negociações, de uma forma geral, e isso é importante nestas horas. Sem esta conexão orgânica com o trabalhador de base, você não vai poder lutar. Tem que ser um momento de muita unidade entre base e sindicato, unidade entre as diferentes organizações sindicais, confederações. Sempre com uma ideologia, um princípio comum, em benefício do trabalhador.
0 comentários:
Postar um comentário