A entrada de um concorrente
internacional de peso no varejo farmacêutico acirra a briga por espaço num
mercado de forte expansão e alimenta as expectativas de mais consolidação no
setor, que movimentou no ano passado quase 50 bilhões de reais.
O anúncio, na quarta-feira,
da compra da rede Onofre pela norte-americana CVS Caremark, deu sequência a um
ciclo de fusões iniciado em 2011 e que está mudando a cara de um setor
fragmentado e comandado por empresas familiares.
O que muda é o jogo de
forças. Raia Drogasil, que assumiu a liderança do setor em 2011, após a união
de Raia e Drogasil, e Drogaria São Paulo, vice-líder após comprar a rede Drogão
e se associar à Pacheco, têm pela frente a concorrência do maior grupo de
varejo farmacêutico e serviços de saúde dos Estados Unidos."A CVS tem alto
potencial de investimento e deve representar uma séria ameaça do pontode vista
competitivo", disseram Andrea Teixeira e Pedro Leduc, analistas do JP
Morgan, em relatório.
A visão de analistas é de
que novos movimentos ainda maiores da gigante americana noBrasil podem vir a
seguir."Se a CVS optar por crescer através de fusões e aquisições,
conforme indicado pelaadministração, e decidir se tornar relevante no país, ela
provavelmente teria que comprarum participante de importância", disse a
analista Juliana Rozenbaum, do Itaú BBA.
Segundo outro analista, que
pediu anonimato, um novo movimento poderia vir com a compra pela CVS da Brazil
Pharma, grupo controlado pelo BTG Pactual, que tem sócios regionais como
minoritários.
A holding Brazil Pharma
opera uma rede de 681 drogarias, por meio de suas operações próprias, além de
369 lojas das franquias Farmais, segundo dados do terceiro trimestre.
Mas uma possível grande
aquisição não seria para já. A CVS deve primeiro entender o mercado brasileiro,
enquanto os outros grandes concorrentes passam por processos internos, com Raia
Drogasil, Drogaria São Paulo e Brazil Pharma mais preocupadas com integração de
ativos e ganho de sinergias.
Profissionais do setor vêem
como potenciais alvos de aquisição nomes como a mineira Araújo e a cearense
Pague Menos, que em outubro adiou seus planos de realizar oferta pública
inicial de ações (IPO, na sigla em inglês).
EXPECTATIVA DE CRESCIMENTO
Além das chances de
consolidação no setor, a perspectivas de crescimento são muito atraentes para
participantes do mercado, em meio ao aumento da renda das famílias e fortalecimento
da classe média.
O números da entidade que
representa o setor lastreiam o otimismo. A Abrafarma diz que o segmento deve
dobrar de tamanho em faturamento em cinco anos, para 90 bilhões de reais ao
ano. O ramo teve faturamento em 2012 de 49 bilhões de reais, ante 24 bilhões de
reais cinco anos antes.
Os altos múltiplos
---relação entre preço da empresa e lucro --das recentes operações realizadas
no país e o valor com que Brazil Pharma e Raia Drogasil são negociadas em bolsa
refletem essa expectativa, segundo o sócio da consultoria Deal Maker, Marcos Mellao."Há
uma visão de crescimento agressivo. Pelo menos a crença de um crescimento importante",
disse.
As empresas do setor na
BM&FBovespa tiveram em 2012 um dos melhores resultados da bolsa paulista,
com a ação da Brazil Pharma subindo 69,6 por cento, enquanto a da Raia Drogasil
teve ganho de 79 por cento, enquanto o Ibovespa teve alta de 7,4 por cento.
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