Governo quer fechar uma das
únicas empresas que armazenam, no porto, químicos importados. Falta de consenso
sobre a nova lei de portos atrasa licitação; terminal funciona com autorização
provisória
A guerra jurídica provocada
pela revisão do marco regulatório dos portos já ameaça gerar problemas de
abastecimento de matérias-primas para a indústria nacional.
No início deste mês, o
governo determinou o fechamento do terminal de produtos químicos da Granel
Química, no porto de Santos, cujos tanques têm requisitos específicos para
receber químicos para as indústrias de plástico, tinta e papel.
O argumento é que o contrato
está vencido e terá que haver licitação para escolher novo operador. Mas, por
causa das mudanças na Lei de Portos e pela falta de um estudo para a licitação,
a concorrência não tem prazo.
Para evitar a paralisação
das atividades, a empresa conseguiu liminar na Justiça para operar até a
escolha de novo operador. A decisão, no entanto, é de caráter provisório, o que
provoca insegurança sobre o abastecimento.
A Granel armazena químicos
importados ou exportados por grandes companhias, como Basf, Rhodia e Oxiteno.
Essas companhias transformam esses químicos em componentes essenciais para a
produção em outras indústrias. Sem eles, a cadeia de produção fica ameaçada.
No ano passado, a Granel
Química armazenou 450 mil toneladas de químicos, o que equivale a 10% da
movimentação de líquidos em Santos. A participação é maior quando se considera
apenas os produtos químicos, mas não há um número consolidado.
Alguns químicos que chegam à
Granel Química têm necessidades de tanques específicos. Para alguns tipos de
produto, há apenas uma ou duas outras empresas com disponibilidade de
recebê-los, mas elas estão lotadas, segundo a associação da indústria química.
Luiz Shizuo, gerente de
gestão empresarial da Abiquim, afirma que Santos hoje trabalha no limite para
químicos e qualquer paralisação afetará a produção industrial de São Paulo e do
país."A capacidade instalada hoje em Santos equivale à demanda. Não tem
nada sobrando, e isso é uma preocupação", afirmou Shizuo.
Segundo ele, a paralisação
de uma hora para a outra de um terminal químico é ainda mais grave, porque os
produtos importados saem de suas bases fora do país três meses antes e não há
como mudar a rota do navio."Para fazer um tanque desse tipo, são
necessárias obras que duram de seis meses e um ano", afirmou Ary Serpa,
gerente-geral-adjunto da Granel Química. "Queremos garantir o
abastecimento de produtos essenciais até outra empresa ser escolhida."
RAIO-X - GRANEL QUÍMICA
ORIGEM norueguesa
OPERA nos 5 continentes
FATURAMENTO: US$ 1,2 bi
NO BRASIL: desde 1972
EM SANTOS: 99 tanques; 10%
da movimentação de granéis líquidos em 2012
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