As greves nacionais dos caminhoneiros e dos petroleiros já impactam o abastecimento de combustíveis nos postos de gasolina na região metropolitana de Belo Horizonte. “Temos só mil litros de gasolina, e fui informado que não vamos receber os pedidos feitos. Então, quando acabar, não sei quando receberemos mais”, disse nesta terça Daniel Ornelas, caixa de um posto na avenida Cristiano Machado, próximo ao túnel da Lagoinha. Já faltam combustíveis em postos de Divinópolis, Igarapé, Iguatama, Juatuba, Lavras e Governador Valadares, segundo o Sindicato do Comércio Varejista de Derivados de Petróleo em Minas Gerais (Minaspetro). Segundo a entidade, há caminhões-tanque carregados e parados nas estradas em João Monlevade, Elói Mendes, Boa Esperança e Cambuquira.
Para o administrador de um posto na divisa entre Contagem e Betim, Jackson Resende, as duas greves estão afetando a distribuição. “Quando fiz os pedidos hoje (nesta terça), já me avisaram que não seria possível atender porque estava faltando anidro, que é o etanol misturado à gasolina, na hora da produção. Não sei se é por causa da greve dos petroleiros ou se foi porque o produto não foi entregue pelos caminhoneiros”, explica.
O dono de outro posto em Betim, Jorge Guedes, acredita que o problema maior é a greve dos petroleiros. “A entrega pelos caminhoneiros pode estar afetada em pontos mais distantes da BR–381. O que pode impactar por aqui na região metropolitana é a greve dos petroleiros”, afirmou.
Segundo o diretor de comunicação do Sindicato dos Petroleiros de Minas Gerais (Sindipetro-MG) Felipe Pinheiro de Paiva, em Minas Gerais, na parte operacional, 90% da categoria aderiu à greve e, na parte administrativa, ao menos 50% dos funcionários estão parados. Isso se repete, segundo o diretor, na Refinaria Gabriel Passos (Regap) da Petrobras em Betim, que atende o mercado mineiro. “Para faltar combustível tem que ser uma greve de muitos dias porque a capacidade de armazenagem da Regap é grande. Nosso objetivo não é prejudicar e desabastecer a região”, completou Felipe Pinheiro.
Preços. A situação pode fazer os postos subirem o preço do combustível, na avaliação de Jackson Resende. “Se a gente não tomar a decisão de aumentar o preço do combustível que ainda resta no estoque, vamos ficar sem ter o que vender. A tendência é aumentar o preço para garantir o atendimento porque aí só quem realmente precisa do combustível vai comprar o produto mais caro”, opinou Resende.
Faltam hortifrútis e preços disparam na Ceasa Minas
Os preços de hortifrútis no Ceasa Minas já foram afetados pela greve dos caminhoneiros, segundo o proprietário de um sacolão localizado no mercado distrital do Cruzeiro, Carlos Magno Pereira de Freiras, o Catatau. “Estive (nesta terça) no Ceasa e não tinha produto nenhum. O que tinha já estava muito mais caro”, afirmou.
Segundo o empresário, os produtos que apresentavam alta nos preços eram cebola, tomate, batata, limão, maçã e abacaxi. “A saca da batata, que na semana passada não passava de R$ 70, estava R$ 200 hoje (nesta terça)”, disse. “A mercadoria que vem de São Paulo ficou presa na greve e os pequenos produtores, para não perder produtos, nem saíram das roças”, explicou.
Já a Ceasa Minas, por meio de assessoria, afirmou que não houve problemas de abastecimento nesta terça.
Pelo Brasil
Indiciados
Na madrugada desta terça, 18 caminhoneiros foram indiciados por expor ao perigo outro meio de transporte público, impedir ou dificultar o funcionamento. Eles pretendiam interditar a Via Dutra em Barra Mansa (RJ).
Sem impeachment
Parlamentares têm tentado negociar com os caminhoneiros os termos da paralisação para tornar o movimento menos radical, deixando de lado a exigência de que a presidente Dilma Rousseff saia do cargo. O entendimento é que a demanda deles dificilmente será atendida
Desgaste público
O presidente da Confederação Nacional dos Transportadores Autônomos (CNTA), Diumar Bueno, criticou a paralisação. Ele admitiu que o movimento, sem o apoio das principais entidades sindicais do setor, pode causar desgaste público à categoria
Ação policial leva a enfraquecimento
Durante o dia desta terça, a manifestação dos caminhoneiros foi perdendo força nas rodovias federais de Minas Gerais. Pela manhã, eram seis pontos de bloqueio em Nova Lima, João Monlevade, Igarapé, Juatuba, Nova Lima, Igaratinga e Conselheiro Lafaiete. No fim da tarde, segundo a Polícia Rodoviária Federal (PRF), só restavam dois pontos de paralisação no Estado, em João Monlevade e Juatuba. As manifestações no restante do país também encolheram, e se resumiam a mais sete Estados: Bahia, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Paraná, Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Tocantins.
O ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, havia determinado nesta terça que a polícia aplicasse multas e, se necessário, usasse a força para desobstruir as rodovias. Em Minas Gerais, a PRF conseguiu uma liminar para desobstruir a BR–381 na região de Igarapé. “Quem fez o pedido de desobstruir a via foi a concessionária (Fernão Dias), e a Justiça acatou”, disse Wilson André, caminhoneiro autônomo que participava da manifestação em Igarapé.
Junto com os agentes da PRF, que levavam a liminar, chegaram cerca de 200 policiais do batalhão de choque, segundo o caminhoneiro. Poucas horas antes, o bloqueio da BR–040 em Nova Lima também havia sido desfeito.
Segundo Wilson André, a manifestação em Minas Gerais pode se deslocar para outros pontos. “Vamos esperar para ver se o movimento marca um outro ponto para manter o movimento. Mas não vamos abrir mão de nos manifestar”.
Fonte: O Tempo
Foto: Denilton Dias/O Tempo
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