Minas Gerais é "cemitério preferido" da Vale, ironiza prefeito de Belo Horizonte


“A Vale decidiu que realmente Minas Gerais é o cemitério preferido dela”, criticou o prefeito de Belo Horizonte, Alexandre Kalil, em entrevista coletiva na manhã desta segunda-feira (11). Ele se disse surpreso com a atitude da mineradora Vale, que na última semana transportou para Belo Horizonte funcionários que trabalham no Pará, um dos estados com alta contaminação por covid-19 e baixa estrutura de saúde.

Segundo matéria do jornal Estado de Minas, o avião da mineradora, que comporta 80 pessoas, fez a viagem do aeroporto de Carajás a Belo Horizonte ao menos quatro vezes até a última sexta-feira (8).

Estão sob os cuidados da rede de saúde de Belo Horizonte, de acordo com o prefeito, cinco pacientes vindos do Pará. “A maioria vem de Carajás, no Pará, onde está a grande exploração do Brasil e do minério. [É preciso] Avisar a Vale que aqui não é cemitério. Se eles tiram dinheiro lá que invistam lá, porque têm muito dinheiro”, disse Kalil.

O prefeito ainda afirmou que a Secretaria Municipal de Saúde vai entrar em contato com a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) para notificar o caso.“Paralisar a mineração por nossas vidas!”

O Movimento pela Soberania Popular na Mineração (MAM) reforça a crítica à atitude da mineradora. Porém, destaca que a raiz do problema é que as minas continuam funcionando. A atividade mineradora foi considerada “essencial” pelo governo de Jair Bolsonaro (sem partido) e obteve permissão para seguir explorando e transportando minério durante a pandemia do novo coronavírus no Brasil.

Por conta da ganância econômica, afirma o MAM, as mineradoras podem tornar mais rápida a propagação do novo coronavírus no Brasil. “A Vale tem realizado uma ostensiva campanha publicitária anunciando doações para o combate ao coronavírus, porém o que ela tenta esconder é que estes valores são irrisórios se comparados com o lucro da empresa neste primeiro trimestre de 2020, que mesmo em período de pandemia e isolamento social foi superior a R$ 1 bilhão”, diz nota do movimento.

O MAM denuncia que o setor da mineração já conta com mais de uma centena de contaminados pela covid-19, sendo que a empresa Vale S.A. concentra o maior número de trabalhadores infectados.

Uma nota lançada no início de abril, “Paralisar a mineração por nossas vidas!” e assinada por inúmeras entidades já vislumbrava o cenário. Assim, o MAM continua reforçando a urgência de que as atividades de mineração sejam suspensas com a garantia do emprego aos trabalhadores do setor.

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