Dirigente da Força Sindical fala sobre os desafios mundiais para os trabalhadores da indústria química


Neste segundo dia da Conferência Mundial da IndustriALL Global Union das Indústrias Químicas e Farmacêuticas, em Hannover, Alemanha, a delegação brasileira da Força Sindical participou de um painel que abordou os desafios no cenário mundial atual.

Sergio Luiz Leite, o Serginho, presidente da FEQUIMFAR e 1º secretário da Força Sindical, foi um dos palestrantes e iniciou o discurso parabenizando o companheiro Kemal Ozkan, da Industriall, pela organização do evento: “O setor químico sairá mais fortalecido dessa conferência e estará mais articulado para o Congresso Mundial da Industriall em 2016, no Brasil”.

Durante a apresentação, Serginho traçou um panorama da conjuntura nacional dos segmentos químicos no Brasil, destacando que indústria química está em 6º lugar no ranking mundial, com 2,8% na participação do PIB brasileiro, faturamento de US$ 156,7 bilhões em 2014, com 400 mil trabalhadores diretos e cerca de 2 milhões de trabalhadores indiretos (considerando efeito renda).

Entre os potenciais de crescimento do setor, Serginho falou sobre o pré-sal e os químicos renováveis a partir da celulose. Além disso, destacou o Plano Brasil Maior e os Conselhos de Competitividade criados pelo governo federal que buscam o desenvolvimento sustentável para a cadeia produtiva do setor químico, objetivando o aumento da competitividade, geração de empregos de qualidade e o combate ao processo de desindustrialização.

O dirigente também comentou sobre a urgente necessidade de sanar o déficit na Balança Comercial, que em 2014 ficou em US$ 31,6 bilhões, e da preocupação com a perda de competitividade que está atrelada, principalmente, aos custos de energia e a da nafta.

Mais alguns indicadores sociais:
• Crescimento desigual do emprego e renda entre regiões e setores;
• Baixos salários (70% dos novos empregos tem salários de até 2 SM);
• Instabilidade dos empregos e elevada rotatividade, hoje em torno de 37%
• Terceirização usada como forma de precarizar as condições de trabalho;
• Descompasso entre a formação e qualificação da mão-de-obra e as exigências dos postos de trabalho;
• Desrespeito ao que foi acordado em negociações coletivas;
• Sistema de relações de trabalho que não favorece a negociação no local de trabalho;
• Falta de metas, exigências e monitoramento da geração de empregos, boas condições de trabalho, nos programas e políticas de estímulo às empresas;
• Falta de metas e compromissos em relação aos impactos para a comunidade local antes, durante e depois dos empreendimentos;
• Alta incidência de problemas trabalhistas, sociais e ambientais nas cadeias produtivas;
• Grande número de acidentes e doenças no trabalho.

Com o objetivo de valorizar o emprego no setor e os trabalhadores dos segmentos químicos no Brasil, as centrais Força Sindical e CUT elaboram as seguintes propostas, que foram apresentadas por Serginho:

1. Retorno social dos recursos públicos que são transferidos para as empresas privadas
i. Medir o impacto da diversificação de oportunidades em âmbito regional;
ii. Informação previa sobre os investimentos e os projetos de inovação, por empresa e setores;
iii. Garantia de que os novos investimentos ocorram com base no principio da sustentabilidade social e ambiental;
iiii. Definir indicadores de impacto sobre os investimentos realizados (nível de emprego e qualidade do emprego).
2. Mercado de trabalho e relações de trabalho

Considerar a contrapartida social em todas as medidas que implicam em transferência de recursos públicos
• Manutenção e elevação do nível de emprego;
• Compromisso com o cumprimento das convenções coletivas locais;
• Adoção da convenção 158 da OIT (proíbe a demissão imotivada);
• Garantia do direito de organização no local de trabalho;
• Participação de representante dos trabalhadores nos conselhos das empresas, eleito diretamente;
• Primarizar a mão-de-obra terceirizada na atividade fim da empresa, mantendo apenas nas atividades previstas em lei;
• Garantir que parte do investimento se destine a melhorar as condições de saúde e segurança no ambiente de trabalho;
• Promover a qualificação profissional envolvendo, além do SENAI, outras instituições de ensino técnico público tais como as Escolas Técnicas Federais - ETFS. No âmbito da ICEM já se discute um projeto de qualificação profissional, entre trabalhadores e empresários.

Share this post!

Bookmark and Share

0 comentários:

Postar um comentário