"Indústria química vê queda de demanda e alerta para avanço de importados"


Após sofrer com o avanço dos químicos importados durante os últimos anos, a indústria brasileira enfrenta agora um novo desafio. Os números do setor indicam que um movimento de substituição do químico importado pelo produto nacional foi iniciado, mas a demanda interna em queda sinaliza que o Brasil seria alvo de maior entr
ada de produtos acabados.
A análise pode ser feita com base no levantamento mensal divulgado pela Associação Brasileira da Indústria Química (Abiquim). Os números de outubro apresentados nesta quarta-feira mostram que as vendas internas de químicos de uso industrial, voltados ao abastecimento de outras indústrias, cresceram 6,93% no acumulado de janeiro a outubro, na comparação com o mesmo período do ano passado. O número, que deveria ser comemorado, é acompanhado por uma queda de 1,42% no consumo aparente nacional (CAN) no período. Ou seja, a indústria nacional tenta barrar as importações em um momento no qual o consumo final apresenta retração.
"Há a preocupação de que esses números apontem a entrada de produtos acabados, o que evidenciaria a perda de competitividade da indústria nacional", afirma a diretora técnica de Economia e Estatística da Abiquim, Fátima Giovanna. O atual ambiente de incertezas se reflete na taxa de utilização do setor, que está em 82% em 2012, ante 81% do mesmo período de janeiro a outubro do ano passado.
A perda de competitividade da indústria química tem sido discutida por executivos do setor e representantes de diferentes níveis do governo federal. Os empresários já apresentaram uma lista de medidas consideradas prioritárias, incluindo a desoneração de PIS/Cofins para a compra de matérias-primas básicas, o estabelecimento de uma política específica para o gás natural utilizado como matéria-prima e o estímulo a novos investimentos. Além disso, estão na pauta do setor questões como infraestrutura e abastecimento energético.
Em outubro, os indicadores de produção e venda doméstica de químicos encolheram mais de 2% ante setembro, segundo a Abiquim. A queda na comparação mensal teve origem em um novo apagão, em outubro, que atingiu as Regiões Nordeste, Norte e Centro-Oeste, além de Minas Gerais. "O apagão aconteceu por minutos, mas alguns segmentos intensivos foram altamente prejudicados devido à demora para os fornos serem religados", destaca Fátima, após lembrar que o custo de energia no Brasil é o dobro dos Estados Unidos, por exemplo. No primeiro bimestre de 2011, outro apagão na Região Nordeste também afetou a indústria nacional.

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