O Banco
Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) aprovou ontem
financiamento de R$ 2,2 bilhões para a Petrobrás instalar uma fábrica de
fertilizantes nitrogenados no Mato Grosso do Sul. Com essa operação, o valor de
empréstimos liberados pelo banco à estatal desde 2008 sobe para R$ 46,6
bilhões.
A cifra
não inclui o aporte de R$ 24,8 bilhões em participação acionária na
megacapitalização da companhia feita em 2010. O banco de fomento só pode
emprestar um montante tão elevado porque o Conselho Monetário Nacional (CMN)
abriu uma exceção para as normas de prudência e risco bancários no caso das
empresas do setor de petróleo e gás.
De acordo
com Manoel Sá, gerente do Departamento de Indústria Química (Deinq) do BNDES, o
projeto da fábrica de nitrogenados da Petrobrás é estratégico porque a balança
comercial de insumos químicos tem nos fertilizantes um dos maiores déficits.
A
previsão é que a fábrica entre em operação em setembro de 2014, com capacidade
para produzir 1,2 milhão de toneladas por ano.
Segundo o
BNDES, no auge da construção, a unidade vai gerar 5.400 empregos diretos. Na
fase operacional, serão 505 empregos diretos. Esta será a terceira planta de
fertilizantes nitrogenados da Petrobrás. As duas primeiras ficam em Camaçari
(BA) e em Laranjeiras (SE).
Os
técnicos do BNDES marcaram uma visita para acompanhar o andamento das obras. A
expectativa é que a produção de ureia da unidade permita uma redução da
necessidade de importação do produto de 66% para 39% da demanda estimada do
mercado nacional - de cerca de 4 milhões de toneladas por ano.
"O
setor de fertilizantes está indo muito para aquela região (Centro-Oeste)",
disse Sá, ressaltando as vantagens da localização do projeto da Petrobrás.
A fábrica
ficará próxima do Gasoduto Brasil-Bolívia, dos modais de transporte rodoviário,
ferroviário e hidroviário e do mercado alvo de fertilizantes (interior de São
Paulo, norte do Paraná, sul e sudoeste de Goiás, Mato Grosso e Mato Grosso do
Sul).
Estar
perto do Gasoduto Brasil-Bolívia é importante porque o gás natural é um dos
principais insumos para fertilizantes. O BNDES contratará ainda um estudo para
identificar, no setor de insumos químicos, quais segmentos precisam de mais
apoio,informou Sá.
Troca de
ativos. Na terça-feira, a Petrobrás anunciou uma troca de ativos com a Vale no
setor de fertilizantes. Pelo acordo, a estatal passou a deter o controle da
Araucária Nitrogenados. Com os recentes movimentos, a companhia deixou claro
que seu foco no segmento é nitrogenados.
A
estratégia da estatal está baseada em sua grande produção de gás natural, que
tende a aumentar com a entrada em produção dos campos do pré-sal. A reação
química entre nitrogênio e gás natural leva a produção de amônia, um composto
importante para a produção de fertilizantes. A amônia e derivados, como a
ureia, são usados na agricultura como adubos.
O
nitrogênio, fósforo e o potássio são os três nutrientes básicos para a
composição de fertilizantes. Atualmente, o Brasil é dependente da importação de
todos eles. Nos últimos anos, o governo vem incentivando um aumento da produção
da Vale e da Petrobrás para reduzir a dependência.
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