Os juros médios cobrados pelos bancos nas operações com cheque especial terminaram o ano de 2015 em 287% ao ano – o maior patamar desde abril de 1995 (288% ao ano), ou seja, em quase 21 anos, segundo números divulgados nesta quarta-feira (27) pelo Banco Central. Com essa taxa, quem pegar um empréstimo de R$ 1.000 vai desembolsar por ele R$ 3.870 caso o pagamento seja feito um ano depois.
Os juros cobrados pelos bancos nesta linha de crédito tiveram forte aumento no ano passado, de 86 pontos percentuais. No fim de 2014, estavam em 201% ao ano. Esse foi o maior crescimento anual dos juros do cheque especial desde o início da série histórica do Banco Central, que começa em 1995 para este indicador.
Considerando o patamar do fechamento de 2013 (148,1% ao ano), o aumento foi de 138,9 pontos percentuais nos últimos dois anos.
Cartão de crédito
Se a taxa de juros é elevada para o cheque especial, ela é considerada proibitiva para o cartão de crédito rotativo. Segundo os números do BC, os juros médios cobrados pelos bancos nestas operações – a modalidade mais cara do mercado – somaram 431,4% ao ano no fim de 2015, o maior patamar da série histórica, que tem início em março de 2011. O aumento dos juros nesta linha de crédito, no ano passado, foi de quase 100 pontos percentuais
Junto com o cheque especial, os juros do cartão de crédito rotativo são os mais caros do mercado. A recomendação de economistas é que os clientes bancários paguem toda a sua fatura do cartão no vencimento, não deixando saldo devedor, e que evitem também usar o cheque especial o máximo possível, apesar de a linha ser de fácil acesso (crédito pré-aprovado).
Alta dos juros básicos da economia
O aumento dos juros bancários, no ano passado, acompanhou a alta da taxa básica da economia, fixada pelo Banco Central a cada 45 dias para tentar conter as pressões inflacionárias.
A Selic, porém, subiu bem menos do que os juros bancários no ano passado. Em 2015, taxa avançou de 11,75% para 14,25% ao ano, ou seja, um aumento de 2,5 pontos percentuais. Os números mostram que os bancos elevaram suas taxas de juros ao consumidor de maneira bem mais intensa.
Reportagem publicada pelo jornal norte-americano “The New York Times” diz que os juros praticados em algumas linhas de crédito no Brasil “fariam um agiota americano sentir vergonha”, citando os dos cartões de crédito.
Segundo um levantamento feito pela consultoria Economatica para a BBC Brasil, apesar da desaceleração econômica, a rentabilidade sobre patrimônio dos grandes bancos de capital aberto no Brasil foi de 18,23% em 2014 – mais do que o dobro da rentabilidade dos bancos americanos (7,68%).
Consignado, crédito pessoal e veículos
No caso das operações de crédito pessoal para pessoas físicas (sem contar o consignado), de acordo com o Banco Central, a taxa média cobrada pelos bancos somou 117,6% ao ano em dezembro, contra 101,9% no mesmo mês de 2014. Nesse caso, houve uma alta de 15,7 pontos percentuais no ano passado.
Ainda segundo o BC, a taxa média de juros cobrada pelas instituições financeiras nas operações do crédito consignado (com desconto em folha de pagamento) somou 28,8% ao ano em dezembro – o que representa um aumento de 2,9 pontos percentuais em relação a dezembro de 2014 (25,9% ao ano).
Segundo o BC, a taxa média de juros para aquisição de veículos por pessoas físicas, por sua vez, somou 26% ao ano em dezembro do ano passado, contra 22,3% ao ano no mesmo mês de 2014. Neste caso, houve um aumento de 3,7 pontos percentuais no ano passado.
Fonte: G1
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