Diante do vazamento de gás ocorrido, na última terça-feira
(22), nas dependências da Vale Fertilizantes, alertamos que este não foi o
único caso ocorrido recentemente. São constantes os vazamentos naquela unidade,
o que vem colocando em risco a integridade física de milhares de trabalhadores
além dos danos incalculáveis ao meio ambiente.
Um breve histórico:
- No ano de 2013,
houve vazamento de gás semelhante ao ocorrido no dia 22/09/2015, fato
amplamente divulgado pela imprensa local, destacando-se que, naquele episódio,
mais de 40 trabalhadores foram atingidos, sendo encaminhados para atendimento
médico.
- No dia 23 de setembro de 2014, houve vazamento de gás nas
unidades de ácido sulfúrico e o vento fez com que esse gás fosse levado às
dependências da FMC, atingindo diversos trabalhadores que precisaram de socorro
médico e tiveram que ser encaminhados aos hospitais de Uberaba.
- No dia 28 de fevereiro de 2015, iniciou-se um vazamento de
gás em um duto da Unidade 140 de ácido sulfúrico, que se encontrava bastante
deteriorado. Esse vazamento foi se agravando até chegar a níveis intoleráveis,
muito acima do permitido.
No dia 16/09/15, o STIQUIFAR cobrou da Vale Fertilizantes
soluções para o vazamento, que estava colocando em risco a saúde e a própria
vida dos trabalhadores.
Nosso temor era de que algo de mais grave estivesse a ponto
de acontecer. No próprio dia 16/09, a empresa resolveu parar a operação daquela
unidade e prepará-la para a manutenção urgente requerida. A mesma encontra-se
até hoje desativada para a troca do duto.
- No dia 22 de setembro passado (terça-feira), outro
vazamento de gás, desta vez originado na Unidade 130 de ácido sulfúrico,
ocorreu após a partida da mesma que havia sido paralisada devido a uma pane
elétrica.
A extensão deste último vazamento foi de proporções
alarmantes, nunca antes vista no Complexo Industrial de Uberaba, uma vez que
mais de uma centena de trabalhadores inalaram o gás, muitos deles com consequências
mais graves, a ponto de serem obrigados a internações hospitalares.
Nesse episódio o que se pode constatar, não só pelo
STIQUIFAR, mas principalmente pelos próprios trabalhadores atingidos, foi a
total falta de coordenação para situações de emergência, quando o plano de fuga
adotado pela empresa se mostrou totalmente ineficaz. A empresa colocou em
perigo as pessoas que não sabiam o que fazer, chegando até mesmo a deslocadas
para locais onde o vento continuava a levar a nuvem de gás.
Relatos de trabalhadores, inclusive feitos a uma rádio de
Uberaba, sem se identificar, por motivos óbvios, relatou a total falta de
preparo das equipes de segurança na condução de uma situação de emergência.
Diversos trabalhadores desmaiaram, muitos se intoxicaram,
outros estão afetados com problemas respiratórios e oculares e houve até um
caso de parada cardiorrespiratória que felizmente não teve consequências
fatais.
O número oficial dos trabalhadores afetados pelo vazamento
do gás da última terça-feira e que foram atendidos e internados nos hospitais
será conhecido logo que as notificações forem feitas junto ao Ministério da
Saúde.
- Em 2013, o STIQUIFAR muniu o MPT com diversos documentos
que demonstravam o “sucateamento” da VALE FERTILIZANTES e ausência de
investimentos na estrutura empresarial, podendo comprometer a saúde/segurança
dos trabalhadores, o que deu origem ao processo judicial que tramita na 3ª Vara
do Trabalho de Uberaba, 452-2013-152 .
Diante dos fatos conclamamos o CEREST, bem como a Secretaria
Estadual de Saúde, na figura de sua Autoridade Sanitária/Saúde do Trabalhador
para que, em conjunto com o STIQUIFAR, que é o legítimo representantes dos
trabalhadores do ramo químico em Uberaba e Região, possamos implementar um
plano de ações junto à Vale Fertilizantes, no sentido de encontrar soluções
para o que vem ocorrendo rotineiramente naquela unidade.
A urgência é mais que evidente e, como agentes de defesa dos
trabalhadores, temos a obrigação de atuar em conjunto, buscando o melhor para
eles.
Maria das Graças Batista Carriconde (presidente)
0 comentários:
Postar um comentário